Veja como foi a sabatina com o candidato a prefeito de Taboão da Serra Stan
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A Gazeta SP e o Portal O Taboanense estreiam a Sabatina 2012 com a participação do candidato a prefeito de Taboão da Serra, Stan Szermeta (Psol). A Sabatina vai ouvir os candidatos a prefeito pelas cidades de Embu das Artes e Taboão da Serra com o objetivo de levar ao eleitor, as principais propostas dos candidatos e como ele vê os problemas da cidade. Confira a seguir os principais assuntos da Sabatina com Stan e assista a entrevista em vídeo clicando aqui.
Gazeta SP- Para começar, gostaríamos de saber um pouco sobre sua trajetória, sua história de vida. Afinal, quem é Stan?
Stan: Eu venho de Osasco. Na greve de 68 eu trabalhei em Osasco, e eu me formei, toda minha construção política e ideológica se formou em Osasco, e a greve de Osasco, greve de 68, foi o que alavancou a minha consciência, o que alavancou definitivamente a minha posição anti-capitalista e pelo socialismo, na luta pelo desenvolvimento no Brasil e por um Brasil socialista. A partir desse período me filiei aos partidos de esquerda, fui do operário comunista, em 71 fui preso e fiquei, praticamente, 16 meses preso e, em 73, saí e saí para uma atividade mais ampla, eu era eletricista, voltei ao trabalho, voltei a militar, voltei ao movimento sindical e, a partir daí eu construí a minha vida, minha vida inteirinha foi construída no movimento sindical, de luta social e o enfrentamento do regime militar – e no fim do regime militar – e na luta anti-capitalista.
Foto: Thiago Neme | Gazeta SP
Stan abre as sabatinas realizadas pela Gazeta SP e Portal O Taboanense
Portal O Taboanense – O número de homicídios em Taboão da Serra está crescendo de novo na cidade, depois de ter uma queda de cinco anos, o vídeo monitoramento, é o que o município pode fazer e praticamente não existe no município, a GCM está praticamente sem viaturas também, queria saber de você, Stan, qual a sua proposta para a área de segurança em Taboão da Serra?
Stan: A área de segurança é um ponto neuras em todo o município, porque a população tem uma ideia de que, colocando mais polícia, cria-se mais condições de segurança e colocando videomonitoramento, vai-se dar mais segurança. A gente tem observado que esse não é o caminho correto, o caminho correto é trabalhar na polícia que leve em conta os direitos humanos, uma polícia que realmente entenda a periferia, entenda o que a gente pode fazer, enquanto município é trabalhar a consciência da GCM, mostrar que é possível ter um bom relacionamento. Inclusive a GCM não pode trabalhar armada, é uma coisa equivocada. O que a gente vai ter que estabelecer é uma compreensão maior de como trabalhar, principalmente o centro da questão que é a juventude. É o lugar que a gente mais vai trabalhar é a juventude, para que a Prefeitura seja protagonista de projetos, que dê realmente o envolvimento ao jovem, ao desempregado, ao idoso… Então o conjunto de coisas que a gente vai trabalhar, porque é uma coisa possível de ser feita. As nossas propostas para isso são propostas sociais e são propostas que organizam a cidade no sentido dos direitos humanos.
Portal O Taboanense- Stan, você falou que a GCM não pode andar armada e que não é responsável pela segurança. A gente sabe disso, mas não é muito utópico falar que hoje, em Taboão da Serra a GCM, se não estiver exercendo esse poder de polícia, por mais ilegal que seja, mas a gente sabe que o efetivo da PM não é suficiente, e a GCM muitas vezes é a primeira força – vamos chamar assim – que a população recorre em uma hora de urgência?
Stan – Essa é uma inversão de valores, realmente tem razão no sentido em que a violência é grande, mas veja bem, a população é afastada de todo o processo de lazer, de todas as condições para ela se desenvolver e a função da GCM é outra. A função dela é fazer esse controle. Eu sei que é difícil, eu sei que é uma postura até dura em frente a segurança, mas se você tem todos os equipamentos públicos, se tem condições favoráveis, você tem um grau de diminuição na violência. Eu sei que aqui no Taboão virou uma febre, mas isso aqui é uma questão de escolha: ou você faz uma policia cientifica, ou você faz uma polícia investigativa, ou você faz uma policia repressiva. A minha ideia é acabar com a polícia militar, é fazer a polícia civil. Polícia militar é coisa de coronel, é coisa da antiga.
POT- A questão do videomonitoramento, o senhor acha que é uma solução viável?
Stan: Eu não sei, eu acho que no Centro e em alguns locais principais é possível, mas é preciso ter o controle da cidade. O governo tem que ter controle, tem que ter pulso, tem que ter jeito de ter informações. A polícia cientifica tem que funcionar em qualquer governo, porque ele tem que estar munido de informações.
SAÚDE
GSP – Passa ano, passa administração e a população sempre reclama dos mesmos problemas: falta de médico nos postos de saúde, demora para marcar consulta e também a questão do atendimento de média e alta complexidade, que é de quem precisa de uma operação, de um leito no Hospital Geral, que é tudo mais difícil, tudo demora. O que pode ser feito dentro do município para melhorar essa situação?
Stan: Tanto a política do Fernando quanto a política do Evilásio é uma política de privatização,, e aí você flexibiliza tudo e você introduz a questão das cooperativas. Então o processo de privatização é um processo malvado, porque é um processo que não segura o médico, não segura uma estrutura mais condizente. A Iacta ganha 2,5 milhões por mês e não presta serviço. Agora deve ter remédio lá porque é época de campanha, mas tem vezes que até kit diabetes falta. Nós temos provas, nós fizemos uma pesquisa com o jornal O Popular e vimos o quanto que falta. Agora o grande problema aqui do Taboão é que precisa-se criar uma política mais clara, a primeira coisa é estender as ideias, criar mais condições, chamar audiências publicas para criar as UBS’. A segunda condição é criar o Hospital Municipal, eu não abro mão dessa questão. É uma questão que fecharia – ao meu entender – esse quadro de preocupação mais imediata.
GSP –E sobre a falta de médicos? Eu tenho conversado com algumas pessoas da região e eles falam que é muito difícil você segurar o médico concursado pelo salário, gerando maiores filas e as pessoas ficam esperando por mais tempo por uma consulta.
Stan- O médico só fica se tem recursos, se tem condições. Tem muitos municípios oferecendo R$ 15 mil para os médicos e eles não vão. Por que eles não vão? Porque eles não querem ficar com a dor de matar uma pessoa por dia. Médico é gente também, então se ele tiver as mínimas condições para poder medicar e fazer o trabalho dele… eu sou profissional eletricista, eu não vou trabalhar em qualquer empresa! Eu trabalho na empresa que me dê condições… então o que faz o médico ficar, o que faz a condição de carreira é se criar as condições estruturais para que as pessoas fiquem.
Foto: Thiago Neme | Gazeta SP
Stan defende a valorização dos médicos para melhorar a saúde
POT- Ainda na área de saúde, caso o senhor seja eleito, o senhor pretende cancelar o contrato da Iacta – recém renovado – ou o senhor pretende cumprir esse contrato?
Stan-Em princípio nós vamos quebrar esse contrato, vamos chamar as pessoas à razão.
TRANSPORTE
POT- Em todo o Brasil o transporte é um problema sério, mas Taboão da Serra é um caos. Como resolver isso?
Stan- Aqui tem outra questão: quando veio o transporte alternativo, parece que dava um alento. O problema é que a cidade cresceu muito e não houve um planejamento, e além de não haver um planejamento houve a monopolização, quer dizer, não se fez uma discussão do transporte público de empresa e do transporte alternativo, porque Taboão comporta. Por isso que nós defendemos, e vamos criar forças com outros prefeitos para o Bilhete Único Metropolitano. Preparar a cidade para um a integração com o metrô. Dá pra fazer!
GSP- Mas aí seria um bilhete para Taboão ou o de Taboão já seria integrado?
Stan- Não, esse já seria integrado, já serviria para Taboão e para a capital. Tem tanta tecnologia. É lógico que vai precisar reorganizar toda essa cidade, vai ter que quebrar o contrato com a Fervima e com a Pirajuçara, não está certo essa monopolização, essa tirada brusca do transporte alternativo com violência, inclusive tachando “os caras” de bandido e que não é verdade, nós encontramos pessoas que gastaram R$ 60, R$ 70 e ate R$ 80 mil que depois ficaram na mão.
GSP – Outra coisa que é importante, ainda na parte de transporte, é que Taboão cresceu muito verticalmente e a gente precisa saber como seria a iniciativa privada nesse desenvolvimento do transporte. O que o senhor, na sua opinião, qual deveria ser a iniciativa privada?
Stan: Foi feito tudo na base da calada da noite, não foi feito nada abertamente, porque o que foi feito aqui foi um crime! O jeito que foi feito os prédio aqui e a maneira, sem a mínima conversa com a população! Por que eu falo da municipalização da BR? Porque você poderia fazer intervenções, o município não pode fazer intervenção nenhuma, não pode fazer viadutos, não pode acabar com essa segregação que é a BR de um lado para outro. Então você fazendo isso, você começa a ter uma ideia de que não tem só São Paulo. Você tem Osasco, Barueri, tem outros lugares, alternativas. Tem vários centros que você pode fazer ir e vir que você não precisa pegar esse sistema todo estrangulado.
EDUACAÇÃO
POT- Um problema frequente é a falta de vaga em creches, muitos pais não tem a possibilidade de matricular os filhos para poder trabalhar e tem que recorrer à escolas particulares, muitas vezes pagando R$150, R$ 200 por mês para poder trabalhar. Queria saber quais são suas propostas para essa área. O senhor pretende construir mais creches?
Stan – Essa é uma área que nós vamos explorar profundamente, inclusive há uma proposta da nossa Presidente Dilma, de fazer com que as creches cheguem as cidades, nós vamos cobrar isso dela. No Taboão há 7 mil crianças sem vaga e o Evilásio fez os PAC sem planejamento, isso desestruturou todo o esquema das creches, então ele começou a dar creche para políticos, para igreja católica. Cortou o direito dos trabalhadores na educação, tirou todas as condições de fazer plano de carreira para esse pessoal que trabalha e não fez nada. Agora diz que vai fazer quatro creches, aonde? Nós vamos construir mais creches, nós vamos fazer um projeto de construção de creches – que não é difícil – mas claro que Taboão sempre tem dificuldades por falta de local, mas eu acho que uma boa administração consegue fazer uma reciclagem drástica e acabar com essa coisa de privatização. Por que tem dinheiro para privatizar mas não tem dinheiro para manter? Quem cuida também mantêm, o Evilásio optou por uma base política.
GSP – Como melhorar a qualidade de ensino na cidade?
Stan – A primeira questão na educação é a ideia de valorizar o professor. O professor só será valorizado se as salas de aula não forem lotadas, tem que ter no máximo 30 alunos por sala de aula, que ai você consegue ter uma conversa maior – professor com os alunos – e uma coisa importante que nós precisamos avançar nas escolas é criar condições mínimas para as crianças, criar nas escolas bibliotecas. As diretoras tem que ser eleitas. Você faz um serviço que é feito do jeito que você quer, é como pagar pesquisa. As diretoras não cumprem as suas funções, até porque elas não são obrigadas a cumprir. Tem que ter um processo diferente para a educação.
IPTU
POT- Nos últimos tempos a principal revolta da população taboanense foi o aumento – pode-se dizer até brusco – do IPTU. O que o senhor pretende fazer a respeito disso?
Stan- Nesse ponto – inclusive foi o que deu gás para nós – nós estimulamos ações populares, fizemos uma lei de incentivo popular, pegamos mais de 10 mil assinaturas, fizemos todos os embates e fizemos a revogação da planta genérica, vamos dizer que temos que abaixar o IPTU, agora nós precisamos avançar nesse processo. Tanto o Fernando aprovou, porque ele estava com representação do PSDB com o Paulo Félix – ele que dê conta – como o grupo do Aprígio e do Wagner que também votaram a favor. Esses grupos não tem moral nenhuma de dizer que vão baixar, o Aprígio e o Wagner votaram sem saber depois, sem saber no sentido dos traços gerais. Nós fizemos a resistência, que se choca na questão tributária, agora precisamos avançar. Já fizemos representação, está na mão no ministério publico, é um processo mais lento, mas eu acho que dá pra fazer a continuidade dessa luta.
POT – Uma das justificativas do governo do Evilásio faz sobre o IPTU é que os imóveis estavam com o valor venal era antigo.Isso vai ser revertido, o valor vai continuar antigo ou vai ser atualizado mas o IPTU não vai acompanhar?
Stan- Esse é um estudo que estamos fazendo, apesar de ser mais lenta essa questão, nós vamos baixar, vamos dizer que essa valorização foi artificial, foi no sentido da especulação imobiliária. Essa valorização não foi uma valorização real. Casas no Taboão estão valendo mais que no Morumbi! Então isso nós precisamos conversar. Porque custa tanto uma casa no Taboão quando vemos um monte de placas de “aluga-se” e as pessoas não conseguem alugar porque o aluguel acaba tendo 5% do valor da casa. Vamos tratar essa questão socialmente, é possível.
LAZER
POT- Recentemente foi até em rede nacional, o abandono dos animais do Parque das Hortênsias e alem de ser uma área verde, é uma opção de lazer para as pessoas, por muitos anos foi a única opção de lazer de Taboão da Serra. Queria saber o que o senhor pretende fazer em relação ao parque.
Stan- Boa pergunta. É possível preservar esse parque, não adianta fazer projetos mirabolantes. Vou dar uma ideia para vocês, eu vi outro dia o parque ecológico de Bauru. É a coisa mais linda do mundo! Eles tiraram as telas e colocaram vidros blindados. É possível fazer inovações, é preciso levantar aquela área, enquanto a gente não tiver um projeto maior para a cidade, no sentido de desenvolver as partes ecológicas e criar áreas de lazer, mas o que me chama a atenção é que as pessoas não podiam tirar foto porque as grades impediam então as fotos saiam feias, então com os vidros blindados… uma cidade feito Bauru pode fazer, porque Taboão não pode? Começar a pensar num projeto que seja referencia, que seja criar essa auto estima. Eu vou preservar, e vou trabalhar na questão ecológica e no plantio de arvores.
HABITAÇÃO
GSP- Taboão da Serra, assim como as outras cidades daqui da região metropolitana, cresceu desordenadamente, algumas pessoas foram invadindo áreas, uma coisa meio sem lei. Quando o Evilásio chegou um dos carros chefes foi a regularização fundiária em 100% da cidade, só que isso ainda não aconteceu. Se eleito prefeito, o senhor pretende continuar com a regularização fundiária na cidade?
Foto: Thiago Neme | Gazeta SP
O candidato do Psol durante sabatina realizada com os candidatos de Taboão
Stan- Sim, democraticamente, não como o Evilásio. Ele faz de forma autoritária. Ele não leva em consideração a renda social das pessoas. Tudo foi feito para dar melhor condição a especulação imobiliária. Eles fazem, fantasiam, mas foi só isso que eles fizeram na cabeça deles: regularizar para poder vender. Vamos continuar com a regularização fundiária e vamos trabalhar o plano diretor, mas um plano diretor que seja democrático, não um plano diretor que as pessoas vão lá, fazem a reunião e no dia seguinte ele faz o que ele bem entende.
GSP – Candidato, o senhor pode fazer agora suas considerações finais
Stan- Quero agradecer o convite dizer que é uma oportunidade única e dizer que nós vamos ser a opinião crítica, nós vamos cobrar a zona azul. Nós vamos cobrar o segundo viaduto do shopping, nós vamos ter políticas, uma oportunidade de fazer contraponto. É verdade que nós temos limitações, é verdade que nossa audiência, também, é pequena, mas eu acho que nesses 30 e poucos dias que faltam nós vamos deixar claro o porquê nós viemos disputar, viemos disputar para se mostrar alternativo, para dizer o seguinte: vença quem vencer, nós precisamos avançar no crescimento popular, no fortalecimento ideológico dos partidos, e isso que interessa a população. Acredito que essa cidade de Taboão, que já teve muito crescimento, muitas empresas, tem que voltar a produzir coisas para o povo, na cultura, fazer um auditório para os artistas, tem que ter coisas pequenas, coisas grandes não funcionam. Está lá o Cemur, o estádio, às moscas. Queremos construir alguma coisa que venha da construção da luta. Que essa campanha nos ajude nos produza e que a gente realmente colha os frutos. Que a gente consiga fazer mais militantes participarem, mais gente se dedicar, e que as campanhas sejam cada vez mais fáceis e mais baratas.