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Evilásio Farias fala pela primeira vez sobre escândalo do IPTU

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Redação

19/03/2012 00:00
Thiago Neme / Gazeta de S. Paulo
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Por Nely Rossany, da Gazeta SP

Depois de quase um ano, o prefeito de Taboão da Serra, Evilásio Farias quebra o silêncio e fala com exclusividade com à Gazeta SP sobre seu último ano de mandato e assuntos polêmicos como o esquema de baixa irregular de IPTU que culminou com as prisões de secretários municipais e de quatro vereadores.

Evilásio acusa a Polícia Civil de Taboão da Serra de abuso de autoridade e de fazer política com o episódio. Além desse assunto, o prefeito faz uma avaliação do seu governo, fala sobre obras não concluídas, futuro e sobre seu escolhido para a sucessão. Confira a seguir.

Gazeta SP- Quais as principais ações ou obras que o senhor pode destacar nesses quase oito anos?
Evilásio Farias – Confesso que é muito difícil fazer um resumo, quando assumi eram tantas as necessidades da cidade, que tudo era prioridade. Mas o primeiro foco foi o ser humano, porque governar é acima de tudo cuidar do povo e ter coragem para implementar essa filosofia. E hoje, o que comprava isso é os indicadores da cidade, tiramos Taboão da Serra do patamar da educação que estava abaixo da média nacional e colocamos como referência no Brasil e na avaliação do Ministério da Educação e hoje somos colocados como um dos primeiros do Brasil, uma cidade educadora. Mas não ficamos só na educação dentro da escola.

Implantamos uma rede de apoio no esporte, dobramos a quantidade de equipamentos de esporte, quadruplicamos a quantidade de servidores, principalmente professores de educação física e hoje garantimos esporte como direito de todos. Hoje Taboão não tem criança e adolescente de rua, para quem não gostar de esporte ou quiser mais de uma opção, nós implementamos também muitas ações de cultura hoje são 26 pontos de cultura e o Liceu de Artes. E também os programas para outros segmentos da sociedade, como educação de jovens e adultos, através do EJA e o Projovem Urbano, dando bolsa para as pessoas voltarem a estudar e por conta dessa ação, o IBGE coloca Taboão entre os melhores do país em alfabetização, com índice de 99% da população acima dos seis anos de idade alfabetizada.

Fora isso, criamos programas direcionados a alguns públicos no mercado de trabalho, por exemplo, o Jopec para os jovens, de preferência o jovem pobre que precisa de uma oportunidade e, o PAPI para as pessoas excluídas de mais idade, pessoas que não tem profissão, deficientes, ex-presidiário. Então na área de educação, esporte e cultura com o apoio social, mudamos o perfil da nossa cidade.

GSP- E as obras físicas?
EF- Mesmo com o nosso foco não sendo em obras físicas, em dados numéricos nós vamos investir 10 vezes mais em relação aquele prefeito que mais investiu em obras físicas da cidade. Até porque a cidade estava muito mal tratada, havia bairros com mesmo asfalto há mais de 30 anos e não é tapa buraco foi recapeamento em aproximadamente mil ruas da cidade. A meta é chegar ao final do ano 100% asfaltada. Depois dobramos a quantidade de equipamentos públicos, construções, ampliação e reformas das existentes.

Para se ter ideia nós já abrimos 22 novas creches, sendo que construímos um só prédio, e as outras nós buscamos utilizar espaços já existentes na cidade e na educação devemos chegar a 35 novos equipamentos. Na saúde, não só dobramos a quantidade de serviços, como qualificamos os que já existiam para se ter ideia, o meu governo aumentou 50 mil usuários por mês na saúde, só o serviços de fisioterapia, nós já completamos em cinco anos, um milhão de atendimentos. Um outro trabalho de investimentos é na iluminação da cidade, será a bem mais iluminada da Grande São Paulo até o final do ano não ficará viela, praça ou parque sem iluminação, e muito menos uma via da cidade.

GSP- Taboão mudou bastante, mas algumas obras que eram plataforma de governo deixaram de ser feitas, como o Corpo de Bombeiros e o Centro Olímpico, a que se deve isso?

EF- Dos lançamentos das pedras fundamentais que nós fizemos eu acredito que só não sairá o Corpo de Bombeiros, que não é por vontade da prefeitura, pelo contrário, fizemos o mais caro e o mais difícil. Assinamos um convênio e aprovamos uma lei, cedendo uma área, mas infelizmente a outra parte que era responsabilidade da Associação das Indústrias ou do Governo do Estado não aconteceu. Outra pedra fundamental é a escola do Jd. Guaciara, em frente ao Ser, que já está em processo de licitação.

E a outra obra que foi paralisada que estamos retomando agora é o Centro Olímpico, porque na época infelizmente a Cetesb não sei se recebeu denúncia, que tinha uma nascente e nós provamos que não tinha, mas até isso acontecer foram mais de três anos segurando a obra, mas já temos a liberação da Cetesb, o edital do processo licitatório já está em andamento e o recurso já está garantido na Caixa Econômica Federal, R$ 6 milhões que conseguimos com o Ministério do Esporte. Assim cumpriremos todas as obras que começamos.

GSP- Alguns equipamentos como o Poupatempo, a ETEC, Senac chegaram a ser anunciados, mas por quê não aconteceram?

EF – Cobrei desde o primeiro dia do meu governo a vinda de um Poupatempo para a cidade, até porque o coração do Poupatempo que é a Prodesp, fica aqui em uma grande área. Na região temos um pólo de 2 milhões de pessoas circulando. Ofereci terreno, mas não tiveram boa vontade. Sobre a ETEC, ainda tem disponível um terreno até hoje, mas eles [Governo do Estado] queriam o prédio físico já construído e nós não temos condições de construir um prédio no valor de R$ 8 milhões. Quanto ao Senac estamos esperando resposta, o terreno foi disponibilizado no Jardim São Miguel e sobre o Senai ainda depende de uma negociação para ser encontrada uma área adequada.

GSP- E ainda esse ano, terão mais obras?
EF- Sim, serão cinco novas escolas, seis encostas que serão recuperadas, duas novas unidades de saúde, uma no Jardim Mirna e outra no loteamento Ponte Alta, conhecido como área do Osvaldinho e uma UPA, Unidade de Pronto Atendimento em frente ao Shopping Taboão. Além disso, o vídeo monitoramento da cidade será ampliado e iremos colocar câmeras em todas as entradas e saídas da cidade, que já está em processo de licitação. E dentro de 60 dias devo inaugurar a obra da José Carlos de Macedo Soares, que será um largo e o Ginásio do Pirajuçara, que atrasou por conta de um atraso no repasse da Caixa Econômica para a construtora.
GSP- O senhor falou que muitas obras irão acontecer, dentre elas estão as de saneamento básico?
EF- Taboão daqui há quatro anos terá 100% do esgoto coletado e tratado, e já estamos com as obras do coletor tronco passando nos rios. E são recursos que conseguimos junto ao PAC e Banco Mundial para investimentos da Sabesp, já que é uma concessão e a Prefeitura não pode fazer a obra diretamente. Hoje, Taboão tem 90% de rede coletora, mas o tratamento não passa de 30 %. Isso será um marco que não existe em mais de dez municípios no Brasil. Além disso, a canalização dos córregos, verba de R$ 400 milhões, era inimaginável que isso pudesse ocorrer aqui. Tudo recurso do Governo Federal, e inclusive o córrego Poá no Intercap já está com licitação aberta para dar continuação a obra e extinguir aquele piscinão. E falando em córregos, novas pontes serão construídas ao longo dos rios que serão canalizados, para carros e pedestres.
GSP- Como o senhor viu a ação da Polícia na investigação das baixas irregulares de IPTU?

EF- O que falta é esclarecimento para a população, porque a justiça de Deus já resgatou. Foi afastada toda a cúpula da Polícia da cidade, por conta dos maus serviços prestados, por não ter a responsabilidade de investigar, de trabalhar e se prender ao papel de fazer política para beneficiar certamente um grupo político da cidade. Foi desastroso o trabalho da Polícia na cidade, maculou a imagem de muitas pessoas inocentes e não teve capacidade de acusar ninguém com responsabilidade, porque eles não investigaram. Eu sei mais coisas que a Polícia com a investigação que fizemos na Prefeitura. E que a princípio eu não havia investigado antes confiando na Polícia e para não atrapalhar.

Tanto é que a Polícia não foi atrás das pessoas que foram beneficiadas, foram atrás só do servidor público que realmente tinha envolvimento e envolveram servidores públicos que não tinham nada a ver com a causa. Então simplesmente um mau exemplo que a Polícia prestou que conseguiu provocar equívocos na Justiça e no Ministério Público. Hoje eu tenho certeza que a Justiça tem um imbróglio muito grande para resolver, um processo mal resolvido, mal elaborado, sem provas…Em cima de uma denúncia, o MP pediu a prisão de pessoas inocentes e a Justiça concedeu , então o MP, Justiça e Polícia estão devendo à essa cidade.

GSP – Ainda não foi realizada nenhuma pesquisa, mas a sua imagem está abalada depois do escândalo do IPTU. Como o senhor pretende reverter isso?

EF- Para reverter eu estou conversando com o povo. A justiça de Deus começou a acontecer, a juíza foi transferida, não sei as razões e a cúpula da Polícia, todos eles foram afastados e vão responder a processos junto à corregedoria da Polícia Civil do Estado de São Paulo. E a imprensa que deu muita publicidade, agora tem que dar a versão verdadeira, o papel da imprensa é resgatar a verdade e mostrar ao público. Sobre ter prejuízo aos cofres públicos, foi ao contrário. Primeiro não houve desvio nenhum, o que houve foram baixas em torno de R$ 4 milhões e a grande parte dessas pessoas vieram pagar e quem não pagou foi reescrito em Dívida Ativa. E outra, a nossa medida foi exemplar, pela primeira vez na história de Taboão da Serra um prefeito tem coragem de enfrentar uma quadrilha dentro da Prefeitura, exonerando funcionários e prendendo cinco pessoas em flagrante.

GSP- E a prisão dos vereadores também foi injusta?
EF- Primeiro, era obrigado a prender na Câmara ao vivo, dando furo para um veículo de comunicação de grande audiência? Deixaram de ser policiais para serem artistas, fizeram sucesso, só que não há prova nenhuma contra nenhum vereador. Tem vereador que foi preso porque simplesmente um investigador não gostava dele. O que se fala é que assessor de vereador vinha aqui [Prefeitura] fazer intermediação para alguém se beneficiar. Tem vereador que sequer passou por aquele setor [Dívida Ativa] e isso é fácil de resolver com quebra de sigilo telefônico, não houve isso, porque não houve investigação inteligente. Houve um abuso de autoridade e incompetência profissional.

GSP- Por que o senhor escolheu o vereador Aprígio para ser seu sucessor?
EF – Quando comecei a minha vida pública em Taboão como vereador, os políticos estavam há 20, 30 anos no poder e eu achava que estava na hora de sair e dar espaço para novos, porque isso aqui não é profissão. Então hoje depois de 22 anos de vida pública, chegou a hora de eu ir embora, me despedir, porque o povo busca isso, a renovação. Agora temos a responsabilidade de escolher alguém que possa continuar esse grande desenvolvimento que implementamos na cidade.

Taboão deu o maior pulo no Brasil, antes a cidade não se destacava em absolutamente nada, a não ser enchente e violência, hoje Taboão é exemplar, uma das gestões mais premiadas do Brasil é a nossa, e eu não tenho vaidade com isso, eu tenho orgulho porque é resultado do trabalho e da transformação de uma cidade. Para indicar um candidato, não é o mais amigo do prefeito ou aquele que mais sorri. É aquele que tem as qualidades que vão de encontro com o que o povo quer.

Pesquisas qualitativas recentes mostraram e nós chegamos à conclusão que o Aprígio é o nome mais indicado. O Aprígio tem as qualidades que todo mundo gostaria que um prefeito tivesse. Um homem humilde, simples, honesto, trabalhador e empreendedor. Ele já demonstrou capacidade na iniciativa privada e trazendo esses atributos para a administração pública com certeza fará um governo modelar.

GSP- Alguns grupos políticos criticaram a escolha, dizendo que Aprígio não tem expressão e que como vereador não teve nenhum projeto de destaque, como o senhor rebate essas críticas?

EF- É difícil projeto de parlamentar se destacar no país. Se perguntar agora para qualquer cidadão brasileiro se ele conhece uma lei de algum deputado estadual ou federal, ele não sabe. Na Câmara a decisão é colegiada, o vereador perde a autoria quando todos aprovam, e outra, o Aprígio tem as qualidades que o povo defende, e isso nos dá muita segurança.

GSP- Quais serão os principais desafios da próxima administração?

EF- Olha o desafio número um é manter a quantidade e a qualidade dos serviços que nós abrimos. Nós contratamos em torno de dois mil servidores concursados, implementamos vários programas que atendem diretamente algumas milhares de pessoas e tudo isso requer muito custo. Então o desafio será manter essa máquina gigantesca que construímos e intervenções físicas que não dependem só da cidade, e aí será preciso buscar uma solução viária para minimizar a questão do trânsito na nossa cidade. Minimizar, porque enquanto tiver essa lógica do transporte individual você não vai resolver o problema de nenhum lugar do mundo.

Hoje a grande São Paulo pára, imagina daqui a 10 anos. O Rodoanel é uma alternativa recente, moderna e já está parando com trânsito… Agora, a outra saída é uma política pública muito maior que é a implementação do transporte público de qualidade.

GSP- Falando em transporte público, o metrô, vai mesmo chegar à Taboão?
EF- Aliás, é bom frisar que o metrô é uma obra do Governo do Estado, seja qual for o prefeito de qualquer partido, o metrô chegará à Taboão porque é uma consequência… E é bom dizer que está muito atrasado. Nós estamos há 15 km da praça da Sé, portanto muito próximo e o metrô ainda está muito longe. E ainda deve demorar uns quatro anos. Mas para mim metrô em Taboão, assim como eu coloquei para o secretário estadual de transporte metropolitano e para o Governador, ele tem que chegar até a Divisa de Embu, via BR e se tivermos um braço na outra linha, na Kizaemon, e no Campo Limpo até a divisa do Embu. Essas duas linhas atenderiam 100% Taboão, porque se for colocar uma estação na entrada da cidade, nós vamos atrair muito mais movimento, mais trânsito e mais público para esse entroncamento aqui.
GSP- E o senhor vai mesmo se aposentar e abandonar a carreira política?
EF- Me aposentar acho difícil, eu tenho em média 16 horas de atividade física por dia e muita saúde Graças a Deus. Eu tenho convites para dar consultoria, tenho convite do meu partido para dar curso de formação política pelo país e quero me dedicar a trabalhar em uma Ong. Também gostaria de voltar a fazer o que eu mais gosto e por onde tudo começou, exercer a medicina novamente, e aqui em Taboão.

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