Vereadores de Taboão da Serra oficializam Medalha Laurita Ortega Mari
A Câmara Municipal de Taboão da Serra aprovou por unanimidade a oficialização da Medalha Laurita Ortega Mari, que já acontece há cinco anos na cidade, até agora informalmente. Iniciativa da enfermeira Selma, que morreu em 2015, a homenagem ganha a chancela de honraria municipal após a promulgação da lei.
A proposta aprovada por unanimidade prevê que cada vereador indique duas mulheres que tenham seus trabalhos destacados no município para receber a medalha. Segundo Joice Silva, uma das autoras do projeto e presidente da Câmara Municipal, os nomes escolhidos pelos parlamentares passarão pelo crivo do plenário.
“Cada vereador vai indicar duas mulheres que prestam serviços na cidade para que elas sejam agraciadas com essa medalha. Na semana que vem vamos apresentar os nomes e no dia 30 vamos fazer a entrega dessa honraria”, afirmou Joice Silva ao fim da sessão que durou mais de 10 horas nesta terça-feira, dia 14.
O projeto foi apresentado em conjunto pelas quatro vereadoras mulheres da Câmara Municipal: Joice Silva, Priscila Sampaio, Rita de Cássia e Érica Franquini. A medalha será entregue todos os anos no mês de março, quando se comemora o Dia Internacional das Mulheres.
Quem foi Laurita?
Laura Ortega Mari, ou Dona Laurita como ficou conhecida, foi a primeira mulher eleita prefeita, de forma direta, após o fim da ditadura militar. Ícone na década de 60 pelo seu poder político em Taboão da Serra, Laurita marcou o início da história do município e foi aclamada como uma das mais proeminentes mulheres de sua época.
Laurita nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1908. Em 1934 casou-se com Francisco Ettore Pedro Mari indo residirem no Jardim Europa, bairro da alta sociedade paulistana. Dificuldades financeiras obrigaram o casal a mudar-se no início dos anos 40 para uma chácara na então Vila Poá onde fundaram o Matadouro Avícola.
Devida a sua boa formação e contatos com a alta sociedade era grande aliada política de Adhemar de Barros. Candidatou-se em 1959 à prefeitura de Taboão da Serra perdendo para Nicola Viviléchio. Derrota esta que não a abateu, pois buscou ficar conhecida, indo de casa em casa nas eleições de 1959, o foi determinante mais tarde em 1964 ao eleger-se como Prefeita, governando até 1968.
Em seu mandato, no qual doava os seus vencimentos referentes ao cargo, fez obras de melhorias na atual Estrada Kizaemon Takeuti, lançou programas de assistência à população (tem-se registrado que no transporte de enfermos para hospitais na Capital utilizavam-se os veículos de sua Granja dada a precaridade e parcos recursos da cidade), cursos de alfabetização de adultos, construiu o Cemitério da Saudade, onde em uma visita às obras estava usando calças, traje inusitado para uma mulher na época.
Juntamente com a então primeira dama do Estado, Dona Leonor Mendes de Barros, chegou a lançar a pedra fundamental da Maternidade Municipal no terreno onde hoje está o Shopping Taboão (projeto não realizado pelas administrações posteriores).
Antes de sua eleição trouxe como cidadã conquistas para a nascente cidade, como o primeiro semáforo, a instalação do Ginásio Estadual junto ao grupo Escolar do Maria Rosa (até 1963 a cidade oferecia somente o ensino até a 4 série primária). Organizava campanhas de arrecadação de donativos envolvendo a juventude taboanense, para instituições beneficientes como o Asas Brancas.
Elegeu-se vereadora em 1969, sendo a mais votada. Tentou uma volta à prefeitura em 1976, tendo a maioria dos votos, provando que ainda gozava de grande prestígio, mas devido às regras eleitorais da época, que permitia mais de um candidato por partido, assumiu Armando Andrade devido seu partido ter obtido mais votos do que o de Laurita. Faleceu em 20 de outubro de 1977, estando sepultada juntamente com seu marido, falecido em 1973, no Cemitério da Saudade.
Homenagens póstumas foram feitas a antiga Prefeita. Uma avenida que corta todo o Parque Pinheiros, além de ser a patrona de uma Escola Estadual no Pirajuçara. Uma comenda que leva com seu nome é hoje entregue a pessoas de relevância para a cidade.
Sua antiga chácara, reduto de reuniões políticas, foi vendida no final dos anos 70, dando espaço a dois Condomínios (um deles leva seu nome) e ao Hospital Family.