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Uma moeda, dez centavos, um sorriso feminino

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Redação

27/11/2013 00:00
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Por Felipe Paglia

Em uma noite de quarta-feira, meus amigos e eu, deparamo-nos com uma situação, ao menos, inusitada, o que me trouxe pensamentos e reflexões relacionados àqueles que são considerados, por alguns, as mais más mentes, como preguiçosos e desocupados, isolados e excluídos.

Caminhando em direção à estação república de metro, situada na região central da cidade de São Paulo, cruzamos com um pedinte, o que é comum acontecer nessa região da cidade, que requeria para si, de nossa parte, uma ajuda financeira, um trocado qualquer para comprar algo que necessitava, dizia “uma moeda, dez centavos”, passamos dizendo que não tínhamos nenhuma moeda ou trocado em dinheiro, percebendo que não doaríamos nenhuma quantia naquele momento o mesmo disse, “um sorriso feminino então, por favor”, nesse momento uma das amigas do grupo olhou para o homem e deu-lhe um belo sorriso, depois deste fato o ser humano que ali estava, euforicamente, agradeceu aos “céus” e dizia que já estava bom, era suficiente.

Fazer as pessoas sentir-se vivas através de um sorriso não é comum, e menos ainda, uma preocupação. Diante da morte social que o rodeia (ELIAS, 2001), ou seja, a própria exclusão, o único desejo daquele era tornar-se visível para os que ali passavam. O grande problema da morte enquanto questão social é a não identificação dos “vivos” com os isolados, excluídos, mortos para a sociedade, e este grande problema é o que fragiliza o mundo, fraqueza que configura o quadro de obstáculos para uma transformação da realidade social, cheia de violência e discriminação.

Diante da realidade que vivemos parece que o “homem” é a ameaça do próprio “homem”, ou em termos hobbesianos em que o estado de natureza é marcado pela guerra de todos contra todos, “o homem é o lobo do próprio homem”. A mudança que se deseja na sociedade pressupõe alteração na forma como tratamos aqueles que hoje são considerados mortos para sociedade e isolados como moribundos, ou seja, a transformação poderá ocorrer quando “os vivos”, isto é, os que já são estabelecidos, perceberem que somente homens podem ajudar outros homens. A tarefa de mudança não é fácil, mas não impossível, não é necessário possuir ouro ou prata, basta entregar, doar, aquilo que se tem, um sorriso, um abraço.

 

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