Sérgio Vaz escreve sobre a morte de Tigrão: Silêncio na Selva
Lúcio tigrão tinha a vida carregada no sorriso, era sua marca pessoal. Onde estivesse, seu riso largo ecoava pelo ar, fazendo com que todos nós à sua volta também fôssemos contagiados pela sua energia.
Sendo seu amigo por muito tempo fui testemunha do seu enorme coração, que sempre doava àqueles e àquelas que os solicitassem.
Sei disso porque quando minha mãe, Leoa, morreu, ele esteve ao meu lado o tempo inteiro para que não me afogassem em lágrimas. Era felino, mas fiel como um cão. E muitas famílias da cidade também sabem do que estou falando. Irônica como a vida é, ninguém esquece quem está presente na despedida de um ente querido.
O Tigre abatido pelo infarto, esse caçador implacável do destino, vai viver para sempre nessa selva que é a vida e suas pegadas ficarão para sempre naqueles que o conheceram.
Não virou meu amigo porque morreu, era meu amigo porque estava vivo. E seus defeitos e erros não foram enterrados com ele, conheci-os também, e é disso que é feita a amizade. E é apenas disso que estou falando.
Em tempo, nós que ainda não fomos abatidos (será?), saibamos amar a vida e cultuar um Deus chamado amor. Porque quem segue o amor sabe que o milagre não está na vida, mas na coragem de viver.
E quem acredita no amor, assim como eu, reencarna todos os dias no paraíso. Em homenagem à sua alegria não vou derramar uma lágrima sequer, apenas um sorriso de gratidão. Em tempo de amizades tão rasas, queria dizer que foi uma honra conhecê-lo.
Apenas um pedido final: "Se desenterra, tigrão!"