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ONG taboanense faz jovens descobrirem a música clássica

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Redação

11/11/2008 00:00
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A música está mudando a vida dos jovens atendidos pela ONG Músicos do Futuro, em Taboão da Serra. A instituição existe há 12 anos e nesse período contribuiu para a formação de 40 profissionais que atuam em grandes orquestras. Outros sete estão cursando música na USP e quatro estão concluindo a graduação na faculdade Cantareira.
 
Atualmente, 166 alunos estão matriculados nos cursos oferecidos pela instituição que há três anos funciona na rua Nair Marques de Sousa, nº 129, no Jardim Maria Rosa. O reconhecimento do trabalhado realizado na ONG já ultrapassou as barreiras de Taboão, por isso, jovens de várias partes de São Paulo vêem estudar música no local.
 
O projeto Músicos do Futuro tem o apoio da Faculdade Canteira, que paga o aluguel da sede, do Sacolão Via Verde, que doa frutas, verduras e legumes para as refeições e do Estúdio Imagem Essencial. A ONG está em busca de novos parceiros para aumentar suas atividades e manter as atuais.

Foto: Sandra Pereira | Portal O Taboanense

Jovens encontram na música um rumo para o futuro

 
“A música é como um pedaço de mim. É uma parte da minha vida”, revela em tom emocionado, a adolescente Lune Alexia Ferreira Brito, 15 anos, depois de uma longa pausa. Ela é moradora do Saint Moritz, está há 5 anos na Músicos do Futuro. Agora, ela toca clarinete, mas admite que antes de escolher o instrumento preferido tocou vários outros. “Foi difícil decidir. Mas agora estou feliz”, admite.
 
A amiga dela, Jussara Costa Ribeiro, 15, mora no São Judas e há 6 anos estuda na ONG. Ela não esconde que a música transformou a sua forma de se relacionar com o mundo a sua volta. A adolescente toca dois instrumentos, euphonio e o trombone e diz que não tem preferências entre eles. “Sou outra pessoa agora. Amadureci, estou responsável e cheia de planos para o futuro”, observa enquanto se prepara para mais uma aula.
 
Aos 14 anos, Hebert Silva, morador do Jardim Três Marias, chega a surpreender quando analisa que os jovens da sua idade normalmente têm gosto musical pouco apurado. Ele toca euphonio e é só carinho quando fala sobre o instrumento.
 
“Hoje eu posso dizer que gosto de música erudita. Até pouco tempo eu nem sabia que ela existia, mas agora ela está mudando a minha vida e o meu jeito de ser”, afirma, lembrando que antes de freqüentar a instituição era chamado de “atentado”, já que não sabia como se comportar direito. “Agora me sinto mais responsável. Aprendi a me concentrar e prestar atenção nas aulas”, enfatiza.
 
Quem também não esconde a satisfação de estar descobrindo o mundo da música clássica é o adolescente David Coelho de Sousa, 14, que toca trombone baixo. “Tenho orgulho de gostar de um tipo de música que os jovens da minha idade nem sabem que existe. A música mudou o meu modo de pensar e agir, me sinto como outra pessoa”, revela em tom enigmático.
 
Todo o processo de transformação descrito pelos jovens ouvidos pela reportagem do Taboanense foi semeado pelo maestro Edson Ferreira, presidente fundador da ONG Músicos do Futuro. Ele conta que teve a infância influenciada pelo pai que era integrante de uma banda.
 
Depois de se tornar adulto e com a formação necessária ele percebeu que as crianças do Marabá, bairro onde morava passavam muito tempo na rua. Daí nasceu a idéia de criar um espaço onde elas pudessem aprender música e se profissionalizar.
 
“Meu objetivo é formar músicos para os grandes projetos. Quando os alunos chegam aqui deixam para traz palavrões e comportamentos inadequados. Eles mergulham numa nova filosofia de vida”, assinala o maestro.
Ele pondera que durante os cursos os jovens são preparados para as grandes universidades da área e as orquestras. “Nós estamos fazendo a nossa parte, mas não é tarefa fácil. Por isso contamos também com a solidariedade das pessoas e das empresas. Precisamos de toda a ajuda possível para continuarmos”, afirma o Edson Ferreira.
 
Num breve passeio pela sede da ONG é fácil perceber que os jovens atendidos na instituição respiram cultura por todos os lados. Enquanto alguns grupos estão nas aulas outros se distraem jogando xadrez e lendo. Um silêncio quase solene paira no local no intervalo entre as aulas, quem passa pela rua jamais pode imaginar que o lugar está repleto de adolescentes e menos ainda que estão no intervalo das aulas.
 
Quem desejar saber mais sobre a ONG e quiser ajudar na manutenção dos trabalhos ou se matricular nos cursos pode ligar para o telefone: 4787-8277. A ONG oferece cursos de violino, violão popular e erudito, trombone, trompete, clarinete, euphonio, violoncelo, saxofone, piano entre outros.

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