Membros da CEI criticam Cido e justificam ausência na leitura do relatório
A Comissão Especial de Inquérito (CEI), sobre as investigações de fraudes no sistema financeiro da prefeitura de Taboão da Serra, encerrou os trabalhos na última sexta-feira. O relatório final não foi votado pela comissão, como o prazo legal encerrou, o relatório deve ser arquivado.
Na sexta-feira, dia 23, o presidente e relator, vereador José Aparecido Alves, Cido, leu, sozinho o relatório. Os vereadores Valdevan Noventa, Wagner Eckstein e Fausta Leite não compareceram. O vereador Olívio Nóbrega esteve na sessão, porém não permaneceu até o final.
Foto: Arquivo do Portal O Taboanense
Vereador Cido foi criticado pelos membros da Comissão Especial de inquérito
Muito criticados por não comparecerem à votação do relatório, os membros da CEI aproveitaram a sessão ordinária desta terça-feira, dia 27, para justificarem suas ausências. Eles também criticaram a forma como o presidente e relator Cido conduziu os trabalhos.
O primeiro a falar foi o vereador Olívio Nóbrega. “Não participei da reunião da CEI porque não tinha quórum, eu disse que seria arquivado [o relatório]. O CEI perdeu seu momento quando foi retirado um dos seus membros, o seu relator. A Polícia Civil alcançou seu objetivo indiciando os envolvidos. O judiciário esta julgando”, falou.
A vereadora Fausta Leite, se justificou dizendo que não havia lido o relatório, porque ela não o recebeu em tempo hábil. “O relatório chegou em cima da hora, na quinta [22] no final do dia. Não sou irresponsável de votar um documento que eu não li. O Cido enviou um documento pedindo nosso [membros da CEI] afastamento. Não tinha porque estar aqui”, declarou a vereadora Fausta Leite.
Cido se defendeu dizendo que as datas já estavam pré-estabelecidas. Dia 7 de março, eu já havia estabelecido a data para o final da CEI. Dia 22/03, foi protocolado o documento. Cabe ao presidente [da Câmara] nomear a CEI, solicitei que caso não houvesse quórum ele pudesse nomear. Fiz a leitura do relatório sim, espero ter feito com a maior lisura, fiz minha parte”, relatou.
O ex-relator da CEI, vereador Paulo Félix também falou. Segundo Félix, ele sugeriu que o encerramento da CEI acontecesse no auge das investigações. “Sugeri o encerramento da CPI no auge, mas a sede de holofotes foi maior. Hoje foi um fim melancólico. Um relatório que não foi votado, não tendo quórum, se quer deveria ter sido lido. O final dessa comissão é triste. Quero louvar a condução dos trabalhos [do presidente Cido], mas infelizmente a vaidade se sobrepujou aos interesses dessa casa. O relatório apresentado foi muito aquém”, disse.
Valdevan Noventa não poupou o presidente da CEI. “O vereador Cido lutou para ser tudo. Queria ser o presidente e o relator. A comissão não votou para ele ser o relator. Cobrei o relatório final na terça-feira, e ele não chegou. Chegou no dia 22, às 16h45. Ele quis abraçar o mundo sozinho, achou que resolveria tudo sozinho. Não vi nada demais, relatou o que todo mundo já sabia. Ele quis ser tudo e findou em nada”, discursou o vereador.
Por último o vereador Wagner Eckstein utilizou a tribuna para se justificar. “Quando o Cido se auto determinou que seria o relator, percebemos que não ia andar. Se quer fazer do jeito dele, vai fazer sozinho. Não vou entrar no mérito do relatório porque acho que não é o momento. Ainda estamos no calor de muitas coisas obscuras, eu ainda estou tentando entender o que aconteceu. Abuso da polícia, fraude do IPTUI, fraude da senha Zelda, outras questões, quatro vereadores foram presos, o relatório nem se quer fala nisso”, questionou Eckstein.
Cido novamente se defendeu dizendo que a CEI não julga. “A CPI não julga, ela não tem a natureza de sentença, não pode indiciar ou sugerir. O vereador Wagner Eckstein não aceitou ser o relator, fui eleito relator com o voto da Fausta e do Olívio. Dentro do que pude”, finalizou.
Os vereadores ficaram horas discursando e se justificando, mas nada mudou, os d ez meses de trabalho da CEI foram perdidos, o documento perdeu a validade. Não apontou culpados, também não inocentou. Mas de acordo com Cido, o documento será encaminhado ao Ministério Público.