Fernando Fernandes critica programa ‘Mais Médicos’
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Por Nely Rossany e Rose Santana
Taboão da Serra estava entre uma das cidades prioridade para ser contemplada com profissionais do programa do Governo Federal ‘Mais Médicos’, mas não receberá ainda nenhum profissional. De acordo com a Secretaria de Saúde, a cidade precisaria contratar mais 93 médicos para dar conta do atendimento básico aos pacientes. Apesar do déficit de profissionais, o prefeito Fernando Fernandes, que também é médico, disse que não aprova o programa e que a cidade irá resolver a situação de outra forma.
“Taboão tem que tomar outro caminho, até porque esse programa Mais Médicos tem que ser pensado um pouquinho melhor, porque existe não só a questão de trazer os médicos, mas questões trabalhistas, questões maiores a serem discutidas com a própria categoria de médicos brasileiros. Acho que até o próprio Governo Federal tinha que ter um pouquinho mais de cuidado, e não teve o resultado que eles imaginavam, essa é a realidade”, disparou.
Foto: Eduardo Toledo
Fernando Fernandes disse que o programa não atende as necessidades
Com 240 mil habitantes, a cidade conta hoje com doze Unidades Básicas de Saúde e 109 médicos. Desde o início do ano, a prefeitura abriu concurso com 80 vagas, mas só 47 profissionais foram contratos.
Para Fernandes, a questão da falta de médicos deve ser analisada por região e não como um todo. “A questão de falta de médico tem que ser encarada com sua realidade local, por exemplo, a região metropolitana de São Paulo tem uma realidade, os sertões do Ceará outra realidade, não podemos tratar os dois problemas como mesmo enfoque”, falou.
O prefeito acredita que uma das soluções para tentar suprir o déficit de profissionais seria fazer parcerias com as universidades de medicina, para que os médicos fizessem a residência médica nas Unidades Básicas de Saúde dos municípios, todos com supervisão de professores.
“Eu defendo uma tese minha, particular, que a região metropolitana poderia ser muito bem suprida trazendo a residência médica para as nossas cidades, isso já traria um boom de médicos com qualidade, médicos recém-formados em escolas boas que poderiam vir aqui fazer suas qualificações nas nossas unidades básicas, logicamente seguidos por monitores e por professores, não abdicando ao cunho do aprendizado, mas trariam um benefício muito grande para as nossas regiões. Seria uma maneira de nós suprirmos nossas deficiências”, declarou.
Médica estrangeira
A médica sérvia que estava selecionada para trabalhar em Taboão da Serra foi desclassificada no programa Mais Médicos. De acordo com o ministério, a documentação referente à formação em Medicina estava em ordem, mas a pasta recebeu um alerta da Embaixada brasileira na Sérvia de que ela havia sido presa em 2004. O ministério acionou a Polícia Federal para investigar se há questões que a impeçam de participar do programa referente ao seu histórico criminal.
Sobre essa questão Fernandes disse que não iria fazer sensacionalismo com o fato. “É essa coisa do programa que precisa ser aprofundada um pouquinho mais. Mas não vou fazer disso um sensacionalismo, simplesmente aconteceu, você tem uma inscrição de vários médicos, e essa médica se inscreveu, por acaso tinha sido presa como traficante no passado, não quero apedrejar o programa porque aconteceu um episódio como esse. Não é justo, eu não uso essa tática. A minha crítica ao programa outra”, finalizou.
Programa Mais Médicos
O programa teve 1.618 inscritos, sendo 358 estrangeiros, que podiam escolher em todo o Brasil seis opções de cidades para atuar. O número representa 10,5% dos 15.460 médicos requisitados por 3.511 cidades. Os médicos devem chegar aos municípios a partir do dia 1º de outubro. De acordo com o Ministério da Saúde, os locais que eram prioridades e ficaram sem médicos devem aguardar a segunda chamada para o programa.