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Fernandes diz que foi traído pelos vereadores Cido e Erica

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Redação

05/12/2014 00:00
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Após a coletiva de imprensa onde o vereador Marcos Paulo apresentou seus sete votos, o que lhe garante a eleição para a presidência da Câmara Municipal, o prefeito Fernando Fernandes falou com exclusividade ao Portal O Taboanense sobre a aproximação de parte de sua base de governo com os vereadores da oposição.

Em mais de uma hora de conversa, Fernandes disse que não se opõem a candidatura de Marcos Paulo, mas que não admite a participação da oposição nas negociações e que se sente “traído” pelos vereadores Cido (DEM) e Érica Franquini (PSDB, mesmo partido de Fernandes). “Nós tínhamos um compromisso que de que o nome escolhido seria feito entre os 10 vereadores da bancada de governo”.

Para Fernandes, grupo do vereador Paulinho errou ao não comunicá-lo antes do anúncio para a imprensa | Arquivo do Portal O Taboanense

Fernandes criticou também a forma como o anúncio da nova mesa foi feito, através da imprensa, sem antes ele ter sido comunicado. “Eu acho que as coisas se inverteram, a ordem dos valores foi invertida. Acho que essa conversa deveria ter acontecida aqui, comigo, especialmente. Já que eles se dizem base, fiéis ao governo”. A seguir, os principais trechos da entrevista:

Prefeito, o Sr. se surpreendeu com o anúncio feito pelos sete vereadores hoje, durante coletiva com a imprensa?
Muito, eu não esperava isso, da forma que foi, sem eu ser ao menos comunicado. Eu acho que as coisas se inverteram, a ordem dos valores foi invertida. Como eu já disse, não sou contra a candidatura de ninguém da base, não tenho preferência, mas não podemos colocar esse processo com a oposição.

Porque?
Quando você faz acordo com a oposição, vocês está negociando espaço, espaços importantes nas comissões de Orçamento, de Finanças. E isso pode causar dificuldade para que os projetos de governo avancem na Câmara, eu não acho justo que se entregue cargos importantes, estratégicos, dentro das comissões para a oposição. O Paulinho poderia ser o presidente sem problema, mas dentro daqui, dentro dos 10 votos.

O senhor tinha a garantia que os vereadores não negociariam com a oposição?
Confesso que os vereadores Paulinho e Onishi sempre fugiram dessa discussão, não assumiam categoricamente esse compromisso, portanto eu vou ter que avaliar isso, cabe uma conversa entre nós e eles.

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Em relação a Érica, ela é do meu partido, do PSDB, ela precisa compreender mais a questão partidária. Quando o vereador pertence ao partido do prefeito, como é o caso dela, ela tem que vir discutir com o prefeito, com o partido, esse tipo de coisa. Quando o André [Egydio] lançou sua candidatura, ele veio conversar comigo, porque ele é do governo e do PSDB. A Érica deveria compreender um pouquinho melhor a questão partidária.

Já o vereador Cido assumiu comigo, há pouco tempo, há 10 dias, assumiu um compromisso verbal comigo, na presença do vereador Marco Porta, que ele estava apoiando naquele momento, e que é ainda candidato. Ele assumiu que não faria esse tipo de acordo para eleição da presidência com o voto da oposição. São dois quadros que precisam ser analisados. O Paulinho e o Onishi não firmaram nenhum compromisso, mas o Cido e a Érica tinham um compromisso comigo.

Durante a coletiva foi dito que quem quebrou o “acordo” de não procurar a oposição foi candidatos do outro grupo, como o André Egydio, por exemplo.
Houve uma conversa que o Egydio se encontrou com o Moreira em uma padaria, ninguém está negando isso. Mas ele disse que não haveria acordo nenhum [com a oposição], ele me garantiu e cumpriu que não faria acordo com a oposição. Hoje é um fato consumado, pelo menos o que a imprensa está me passando. Aí houve um acordo, é uma outra situação.

E diante deste novo quadro, qual a sua decisão?
Se for um fato consumado, a vereadora Érica erra, eu procurei ela várias vezes esses dias e ela fugiu, não quis conversar comigo. E o vereador Cido assumiu o compromisso que não faria esse tipo de acordo para a presidência da Câmara. Nós tínhamos uma plêiade de candidatos aqui, cinco opções que poderia ser discutidas com a base do governo.

Eu hoje já tive uma sinalização, não fui comunicado oficialmente, fui procurado por uma pessoa, dizendo que eles querem conversar comigo. Nesse primeiro momento posso conversar com o Paulinho e com o Onishi, que não tinham um compromisso categórico comigo. Agora, me desculpe, não dá para conversar com o Cido e com a Érica, que eu me sinto traído.

E eu não mereço isso, porque eu nunca os traí. Muito pelo contrário, quando a Érica teve problema com o partido dela, o PDT, eu fui o primeiro a socorrê-la, eu coloquei o PSDB a disposição dela imediatamente, praticamente garantido a reeleição dela com dois anos de antecedência.

E agora, o que será feito?
Daqui pra frente nós vamos continuar a vida. O PSDB já chamou uma reunião da sua executiva para discutir esse problema. O Democratas também. Nós não fomos comunicados dessa decisão. Agora vamos avaliar e vamos ver, não recebi a visita deles, houve um aceno para receber eles hoje, mas não teve.

A gente nunca deve tomar decisões finais no calor da notícia, das discussões. Estou no meu quarto mandato, eu vejo eleições de câmara desde quando eu fui vice-prefeito em 1989. Eu assisti a todas. E presidência de Câmara se decide no dia. Então nos precisamos aguardar o dia da eleição, vamos conversar, amadurecer, muita coisa vai acontecer. Política é a arte de você saber ir e saber voltar.  A política é circunstancial.

Tem muita coisa para ser discutida, por tudo isso eu acho que eles deveriam ter falado primeiro comigo antes de fazer esse anúncio. Seria, a meu ver, uma coisa mais ética para comigo, pelo menos. Mas eu tenho bastante experiência, eu não me deixo abalar por esse tipo de acontecimento. Acho até que tem muita coisa atrás disso.

O Sr. chegou a comentar que essa decisão teve um peso político também. Porque?
Tivemos uma notícia do vereador Moreira que eles haviam se reunido com o Aprígio, que é meu adversário. Eu tive notícias, não posso jurar que isso é verdadeiro, mas o Moreira, na Câmara, falou que eles tinham certeza que isso ia acontecer porque eles conversaram com o Aprígio lá na Cooperativa [Vida Nova]. E porque eu estou falando isso, porque nesse quadro tem uma coisa muito grande, que é a futura eleição de prefeito. É um contrassenso, inclusive, porque, como se reúne com o Aprígio para fazer a presidência e depois declara voto para a reeleição do Fernando, quando é sabido que o Aprígio é candidato a prefeito.

Ouça o podcast com trechos da entrevista feita com o prefeito Fernando Fernandes

 

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