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Clínica de Embu-Guaçu acusada de torturar pacientes nega denúncias

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Redação

20/12/2010 00:00
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Uma clínica no município de Embu-Guaçu, voltada para tratamento de transtornos mentais e dependência química é acusada por pacientes e familiares de os submeterem a sessões de tortura que envolveriam espancamentos, cárcere privado, castigos, fome e choques elétricos. As agressões teriam ocorrido na New Life, que atua na cidade há 20 anos.

A denúncia, feita por 59 dependentes químicos em tratamento, foram endereçadas ao Ministério Público, à Secretaria Estadual da Saúde, à Prefeitura de São Paulo e ao Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana. As unidades 2 e 3 da clínica – de estrutura semelhantes à uma cadeia- foram fechadas pelas autoridades por estarem inadequadas ao tratamento.

Contratada sem licitação pela Prefeitura de São Paulo para dar assistência a portadores de dependência de substâncias psicoativas, que necessitem de cuidados de reabilitação em regime de internação, a clínica gastaria em torno de R$ 1.450.800 por ano, pago pela Secretaria Municipal da Saúde.

Um paciente que não quis se identificar revelou detalhes do tratamento dispensado aos internos. “A comida era arroz com cenoura. E só. Depois de muito reclamarmos, colocaram também carne podre no almoço. O cheiro era terrível, mas comíamos assim mesmo, porque a fome era desesperadora. O dono da clínica só pensava no dinheiro”, disse.

Os pacientes relataram também o uso frequente de uma arma não-letal para aplicação de choques elétricos nos internos considerados rebeldes pelas tentativas de fuga, interrompidas com violência pelos seguranças da clínica. Um interno relata que o dono da clínica se referia a eles como vermes e que este era o tratamento que eles mereciam.

Outro lado

Marcelo Miceli de Oliveira, proprietário da Clínica New Life negou que tenha havido maus-tratos no local e que "denúncias de pacientes involuntários não deveriam ser levadas a sério", pois estes não aceitariam o tratamento antidrogas e fariam de tudo para livrar-se deste. O empresário não comentou sobre a interdição das unidades 2 e 3 de sua clínica.

Já a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMSP) em nota oficial, esclareceu que assim que recebeu as denúncias de familiares acerca do tratamento prestado aos pacientes da clínica tomou todas as providências para a apuração das informações e providenciou a transferência dos 59 pacientes. 

De acordo com a prefeitura “não há mais nenhum paciente sob a responsabilidade da SMSP na referida clínica" e que cancelou o contrato com a instituição, que durou dois meses e rendeu aproximadamente R$ 120 mil à New Life. A reportagem tentou entrar em contato com o “atendimento 24 horas” da clínica, mas não obteve sucesso. A assessoria não retornou as ligações.

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