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Capitão Jayro fala com exclusividade sobre as ações da PM na cracolândia em Taboão

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Redação

02/08/2011 00:00
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Com reportagem de Rodrigo Martins

O crescimento do consumo de crack em Taboão da Serra fez surgir, em um dos pontos mais valorizados da cidade, uma nova cracolândia. A reportagem do Portal O Taboanense acompanhou a movimentação no terreno baldio localizado entre a Av. Kizaemon Takeuti e a Benedito Cesário de Oliveira durante duas semanas e as cenas são impressionantes: venda de droga, prostituição, furtos e roubos passaram a ser comuns na região.

Foto: Rodrigo Martins

Capitão Jayro da Silva Léo, da Polícia Militar

O medo de comerciantes e moradores faz com que as denúncias não sejam feitas para a polícia. A Cracolândia de Taboão da Serra funciona há pelo menos um ano, mas nos últimos dois meses o aumento de usuários de droga aumentou bastante.

Em entrevista exclusiva Capitão Jayro da Silva Léo, da Polícia Militar, fala sobre as ações da polícia para inibir o consumo de drogas no local. Ele fala que esse é um problema social e poder público e polícia devem trabalhar juntos para coibir a ação de usuários de drogas no local.

A seguir, a entrevista com Capitão Jayro:

Há quanto tempo a Polícia Militar tem conhecimento da cracolândia?
Com a dimensão que ela esta tomando há cerca de um mês, até o que motivou uma intensificação nossa de ações nossas no local. Nós fazemos operações, nós fazemos pontos de estacionamento ali, na intensão de coibir que o pessoal fique por ali, que se mantenham ali. Há um mês com essa dimensão que tem tomado como cracolândia como o pessoal tem chamado. Eu não diria que é uma cracolândia, porque a cracolândia é uma coisa muito maior.

Como chegou a denuncia ao senhor?
A denuncia chegou a nós através de populares e do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança).

A cracolândia é um problema da Polícia Militar?
Não diria que é um problema da Polícia Militar, ela é um problema social. Mas por ser um problema social acaba inserindo nesse contexto a parte de segurança pública e ai entra a Policia Militar.

Porque, a partir do momento que o indivíduo consome entorpecentes, consome o crack, ele precisa tirar o dinheiro de algum lugar, nesse momento ele pode efetuar furto ou roubo para abastecer a necessidade dele. É nessa hora que a Polícia Militar entra. Nesse aspecto sim, insere a Polícia Militar a parte de segurança pública, apesar de que o problema é muito maior. Essa é uma vertente do problema, que é social, ele tem que ter um lugar pra ficar, tem que ter auxílio de familiares, toda uma estrutura de apoio até mesmo ao vício deles para que haja um tratamento, um acompanhamento psicológico, social. Esse é o contexto geral, agora a parte de segurança pública cabe a Polícia Militar.

A PM faz algum trabalho de prevenção?
Sim, nós fazemos as operações pra que o pessoal [usuários] e a população vejam que a Polícia Militar já esta presente ali, e isso inibe a ação delituosa. O cara vê a viatura eu não vai cometer o delito.

Quais foram as ações da PM até o momento e quais serão as ações futuras?
No momento em que ficamos sabendo intensificamos o policiamento no local, fizemos operações específicas para que os usuários fossem retirados de lá. Mas você retira e não tem pra onde mandar. Então você retira naquele primeiro momento, atua até repressivamente, mas tem que ter um local pra levar.

O que fazer?
Nós temos um procedimento que a viatura vai ate o local, mas quando extrapola nossa missão fazemos um relatório de infração administrativa e encaminhamos para os órgãos competentes, que tem autoridade para intervir. Fizemos os relatórios e encaminhamos para a prefeitura.
Por se tratar de um terreno abandonado, que tem mato, tudo isso facilita que o indivíduo fique por lá. O que nós fazemos então, como não é competência nossa intervir nesse aspecto, agente faz um relatório e manda pra autoridade que pode intervir. Nesse aspecto nós fizemos os relatórios e encaminhamos para a prefeitura.

O que a prefeitura fez?
A parte social é com a Prefeitura, foi feito um contato, inclusive o secretário de Manutenção e Serviços da prefeitura, Carlos Eduardo, esteve aqui. O secretário fez um relatório e alegou num primeiro momento, que por ser um terreno particular os proprietários já foram notificados, a prefeitura já tomou as providencias que em principio seriam adequadas, por ser um terreno privado há essa dificuldade. Me parece, inclusive que esse terreno esta sob inventário isso dificulta ainda mais.

Só que o problema esta tomando uma dimensão muito grande, então a prefeitura, a partir dos nossos relatórios disse que ia acionar o jurídico da prefeitura para que eles já intervissem nesse aspecto.

O que a prefeitura vai fazer?
A intenção da prefeitura? Eles vão limpar o terreno, isso o secretário já passou e vão murar, aquela rua Valente vai ser fechada, tapar os buracos para dificultar que aqueles indivíduos fiquem por ali.

Não tendo o mato, não tem a facilidade do terreno pra ele [usuário de drogas] ficar, já dificulta bastante. E nós paralelamente vamos intensificar o policiamento ali, no primeiro momento o que a prefeitura vai fazer é isso.

A prefeitura vai limpar, fechar o terreno e depois cobrar do proprietário, porque é um serviço público que esta sendo feito particular.

Trabalho social
Na última reunião do Conseg eu tive com o pessoal do CREAS, eles também participaram e já estão gerenciando algumas ações em conjunto com a PM, nós vamos prestar o apoio para que os agentes dos CREAS identifiquem as pessoas, os usuários para prestarem o auxílio que eles necessitam.

Então vamos partir de um tripé, vamos dizer assim: PM, prefeitura por intermédio do departamento de obras, a parte de limpeza e o CREAS que vai fazer o auxílio social, psicológico dessas famílias ou pessoas que estejam no local.

Qual será maior dificuldade?
Tem muita família, têm pessoas que tem “medo”, eles vão fazer a pesquisa com o usuário e ele pode ficar agressivo ai o agente do serviço social pode ate ser agredido e nessa hora entra a Policia Militar para dar apoio.

Não que a PM vá acompanhar do lado para dar um caráter repressivo, de coação, vai ficar mais no apoio, se acontecer alguma coisa nós estaremos próximos para prestar esse apoio, isso já esta alinhavado para que nós façamos.

Não tem organização não, consta que eles são dispersos. São indivíduos que acharam uma oportunidade de ficar ali, fazer o consumo de entorpecente dele e ficar no cantinho. Em princípio é essa a informação.

A PM tem a identificação desse pessoal?
A identificação específica não. É muito rotativo, não é fixo. Tem uma ou dois pessoas identificadas, mas é pra registro nosso.

Mensagem aos comerciantes da região que tem sido vítimas de furtos e roubo:
Contem com a Polícia Militar, havendo qualquer tipo de problemas vamos intervir, já intensificamos o policiamento, já fiz contatos com algumas lideranças, comerciantes estão intensificando e vamos atuar e no que for necessário. Precisando de qualquer auxilio 190 e de imediato o pessoal vai atender.

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