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Caminhos para a Emancipação de Embu

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Redação

19/02/2008 00:00
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Fundada pelos jesuítas provavelmente em 18 de julho de 1554, a aldeia de Bohi, hoje Estância Turística de Embu, só começou a ser uma cidade independente a partir de 18 de fevereiro de 1959, data em que foi criado o município de Embu, desmembrado de Itapecerica da Serra e Cotia.

Conforme Moacyr de Faria Jordão, historiador da Emancipação, desde seus momentos iniciais, até a primeira década do novo Município de Embu, essa independência só foi possível a partir da criação da Associação Cívica de Embu, composta por personalidades de diversas áreas, que iniciaram uma forte campanha pela emancipação com apoio e orientação de Cândido Motta Filho, advogado, professor, jornalista, ensaísta e político, e membro da Academia Brasileira de Letras, em 1960.

Foto: Arquivo do www.otaboanense.com.br

Museu de Arte Sacra de Embu das Artes

Em 17 de março de 1958, na casa do Dr. Carlos Koch, na Rua Projetada (hoje Rua da Emancipação, 125), reuniram-se os emancipadores. Em 21 de novembro de 1958 foi realizado um plebiscito para saber a opinião dos moradores sobre o assunto. Annis Neme Bassith, Raphael Games Cadenete, Santiago Games Robles e Dr. Carlos Koch tudo fizeram para que o plebiscito fosse um sucesso. A emancipação foi apoiada pela maioria dos embuenses. E em 18 de fevereiro de 1959, foi criado o município de Embu, desmembrado de Itapecerica e Cotia. Em 1964, o bairro de Itatuba, até então pertencente ao município de Cotia, foi anexado a Embu.

No dia 4 de outubro de 1959 foram realizadas as primeiras eleições para prefeito, vice-prefeito e vereadores da história de Embu. Na ocasião, foram eleitos e empossados no dia 1o de Janeiro de 1960 Annis Neme Bassith (PTN), prefeito e Dr. Carlos Koch, vice-prefeito.

História de jesuítas

Em 1624, Fernão Dias e Catarina Camacho doaram suas terras aos jesuítas da Companhia de Jesus, com a condição de estabelecerem a devoção à Nossa Senhora do Rosário e festa em homenagem à Santa Cruz. Os jesuítas tinham a intenção de fazer com que os índios deixassem seus costumes e aceitassem a religião católica e resolveram avançar pelos sertões para chegarem até onde hoje está o Paraguai, e assim trazerem os índios guaranis, que haviam demonstrado docilidade. E acabaram chegando às terras de Embu.

Na segunda metade do século XVII, o jesuíta Belchior de Pontes comandou a construção da igreja e do convento onde, atualmente, funciona o complexo do Museu de Arte Sacra, localizado no centro histórico da cidade.

O nome M´Boy é uma variação de Aldeia de Bohi (como era chamada inicialmente), e em tupi-guarani significa "cobra grande". Outros afirmam que pode significar "coisa montanhosa, penhascos, agrupamento de montes", em função dos acidentes geográficos da área. Na década de 40, um decreto-lei muda o seu nome de M´Boy para Embu, hoje escrita sem acento no "u", seguindo as regras de acentuação da língua portuguesa. Neste período, Dom Duarte de Leopoldo e Silva, Arcebispo de São Paulo, determinou a primeira recuperação da Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Nos anos de 1939 a 1940, o conjunto jesuítico, que compreende a Igreja e a residência dos jesuítas, foi considerado Patrimônio Nacional e restaurado pelo SPHAN que hoje é denominado Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Os 27 anos de administração do Marquês de Pombal no Brasil (1750-1777) aniquilaram a memória e o patrimônio dos jesuítas no Brasil. Ao expulsar a Companhia de Jesus, em 1759, de Portugal e suas colônias, Pombal ordenou que os documentos e quaisquer registros fossem destruídos. Assim começa a desconstrução da história de Embu, riquíssima, intrigante, extensa e apaixonante. A partir de então M´Boy se resumiu à atividade agrícola, um pequeno comércio e fabricantes de aguardente.

Os primeiros artistas

As mãos dos padres jesuítas e dos índios guaranis marcaram para sempre a vocação da cidade, seja na arquitetura da Igreja, na escultura dos santos de madeira, nas pinturas ou no entalhamento. Eles foram os primeiros artistas da cidade. Conta-se que os jesuítas recebiam encomendas de santos e é provável que essa tradição tenha se mantido entre os poucos habitantes da vila durante o século XIV e o início do século XX.

A tradição que o padre Belchior de Pontes deixou, com a criação da Virgem do Rosário, obra feita por ele, em estilo barroco em 1719, estimulou seus sucessores, os índios, que trabalharam nas imagens de Santo Inácio, Santa Catarina e São Francisco Xavier, além dos ornamentos e entalhes internos da Igreja. Em 1920, Embu recebeu um de seus maiores expoentes, o pintor Cássio M´Boy.

Nos anos seguintes, outros artistas chegaram à cidade, como Assis de Embu, mestres Sakai e Gama, Solano Trindade e Ana Moysés, entre vários outros. Eles ajudaram a fundar, em 1969, a feira de artes e artesanato, conhecida nacional e internacionalmente. Em 1759, quando o Marquês de Pombal expulsa os jesuítas de todas as colônias portuguesas, chega em Embu o padre Macaré, que esculpe, com a ajuda dos guaranis (carijós), as imagens de Nossa Senhora dos Passos, Nossa Senhora das Dores e Os Doze Apóstolos.

Em 1930 instalaram-se no Distrito de M´Boy os primeiros integrantes de uma numerosa colônia japonesa. Através do Instituto Prático Agrícola, eles davam suporte para os agricultores do bairro da Ressaca e foram, mais tarde, responsáveis pela tradição do cultivo de plantas e flores em Embu. Em 1938, Mário de Andrade, aproveitando-se da nomeação pelo Ministério da Educação, para Delegado do Estado de São Paulo, tratou de adiantar o processo de tombamento da obra jesuítica em Embu, um dos primeiros do território paulista.

Foram prefeitos de Embu


Annis Nemes Bassith, por dois mandatos, 1960-1963, voltando em 1969-1972
Joaquim Mathias de Moraes, por três mandatos, 1964-1968, 1977-1982 e 1989-1992
Oscar Yazbek, por duas vezes, 1973-1976 e 1997-2000
Nivaldo Orlandi, prefeito de 1983-1988
Geraldo Puccini, de 1993-1996
Geraldo Leite da Cruz, por dois mandatos, 2000-2004, e 2005-2008

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