Mulheres participam de aula de defesa pessoal no Cras Jd. do Colégio
Sandra Martins
Em mais uma ação do Mês da Mulher, um grupo de 30 mulheres do Jd. do Colégio e região, participou de uma aula diferente e importantíssima: defesa pessoal. A Secretaria de Assistência Social, Trabalho e Qualificação Profissional, através do Centro de Referência da Mulher (CRM) levou até as moradoras a palestra “Técnicas de Defesa Pessoal”, ministrada pelos GCMs Mendes. O encontro aconteceu no Cras do Ceu Jd. do Colégio.
“Ensinamos técnicas de defesa, não técnicas de violência, pois queremos que você saia dessa situação, não que fique ‘em luta’ com o agressor. Assim que conseguir se desvencilhar de quem a está agredindo, corra e grite pedindo ajuda”, disse a GCM Mendes durante a apresentação. As técnicas de defesa foram demonstradas pelos guardas municipais.
Segundo os palestrantes, a maioria dos agressores não conta com o “fator surpresa”, ou seja, não imagina que a mulher saiba se defender. Quando isso acontece, por muitas vezes, o agressor foge.
“Ao andar sozinha por uma rua, ao notar que está sendo seguida, entre em um comércio ou bata em alguma casa, como se fosse a moradora chamando um parente. Dificilmente você será abordada”, falou o GCM Gama.
Evitar locais com poucas pessoas, mal iluminados, calçadas estreitas e vielas é primordial. “O agressor não quer ter trabalho, ele vai tentar agir em lugares assim. Quanto mais vulnerável, mais fácil”, disse Marlene Cardoso, psicóloga do CRM.
Dicas da GCM:
-Ao chegar em casa a pé, tenha sempre as chaves em mãos;
-Ao chegar em casa de carro, dê uma volta pelo quarteirão antes de estacionar em frente
à garagem e preste atenção na movimentação da rua;
-As vezes, é melhor entrar no “delírio” do outro e salvar a sua vida. Se o agressor for um ex-marido ou ex-namorado que insiste na relação, concorde com ele até ter a oportunidade segura de fugir e pedir socorro;
-Quando for abordada por trás com objeto cortante ou arma de fogo, finja um desmaio, dificilmente o agressor fica próximo à vítima nesses casos;
– Não distrair-se com celular enquanto estiver em ponto de ônibus ou com o veículo parado na rua;
-Se perceber que está sendo seguida, pare no primeiro comércio e ligue 190 ou 153;
– Combine com seus familiares um código secreto para casos de emergência. Assim se estiver sendo vítima de seqüestro ou passando por alguma dificuldade eles saberão;
-Quando a situação for de estupro, mantenha a calma e use qualquer objeto duro ou pontiagudo que esteja ao alcance das mãos para acertá-lo, ou ainda, enfie os dedos nos olhos do agressor;
-Após conseguir se libertar, corra e grite, não imagine o que possam estar pensando de você, sua vida é mais importante que a opinião dos outros;
-Ao ser abordada por um veículo em que o individuo esteja armado e solicitando que você entre, corra em sentido contrário ao do veículo, atravesse a rua, e grite;
-Lembre-se: você pode sair dessa.
“Já sofri abordagens assim, agora sei como posso me defender” – Dalila Silva de Jesus Geraldo, 43,moradora do Jd. do Colégio.
“Nunca tinha participado de nada parecido e nem imaginava sempre estamos em perigo. Agora, sei como lidar” – Maria Bezerra da Silva, 59, Jd. do Colégio.
“Vou tomar muito mais cuidado por onde vou agora. Nunca passei por nada disso, mas é bom saber” – Maria Tomaz, 57, Pq. Luiza.
Dados alarmantes
O Brasil registrou em 2015 mais de 63 mil denúncias de violência contra as mulheres, um relato a cada 7 minutos. Os dados são da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), a partir de ligações feitas ao 180, o Disque-Denúncia.
Desses números, quase metade (49,82%) se referem a violência física, e 58,55% foram contra mulheres negras.
Também foram registradas mais de 19 mil denúncias contra violência psicológica e mais de 4 mil contra violência moral, 3.064 registros de violência sexual e mais de 3 mil de cárcere privado. Em mais de 80% dos casos, os filhos presenciaram e, em alguns casos, também sofreram a violência. O balanço revela que em 85% das vezes a violência é dentro do âmbito doméstico e familiar.