Ministério Público contesta laudo sobre a morte de Ivan Jerônimo
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O Ministério Público determinou nesta semana que seja realizada nova investigação sobre as causas e circunstâncias da morte do ex-chefe dos investigadores da Delegacia Seccional de Taboão da Serra, Ivan Jerônimo da Silva. O primeiro laudo emitido logo após a morte do então investigador, em 8 de março de 2012, apontou que ele teria cometido suicídio.
Porém em julho do mesmo ano, a Polícia Científica, provocou uma reviravolta na investigação, segundo os peritos, o tiro que matou o policial foi disparado de longa distância, o que afasta a hipótese de tiro à queima-roupa e também de suicídio.
O promotor do caso, José Carlos Consenzo, em entrevista à TV Bandeirantes, afirmou que existem questões a serem esclarecidas. “Ou houve erros primários ou então temos que aprofundar muito essas investigações para saber o que está acontecendo. Tem várias questões que ainda precisam ser esclarecidas”, declarou.
Foto: Eduardo Toledo
O ex-investigador-chefe da Seccional de Taboão da Serra, Ivan Jerônimo que teria se suicidado
O laudo também é posto em cheque pela professora de perícia criminal Roselle Soglio. “Nós falamos de uma distância de 60 ou 70 centímetros para mais. E ninguém consegue com o próprio braço fazer esse tiro a distância”, explicou.
O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (D.H.P.P.) assumiu as investigações.
Entenda o caso
No dia 8 de março de 2012, o então chefe dos investigadores da Delegacia Seccional de Taboão da Serra teria cometido suicídio dentro de um banheiro da banca Varandas, na Cidade Jardim. Na época, foi divulgado que o policial sofria de depressão e havia se matado com um tiro no peito com sua pistola calibre .40.
Segundo a versão divulgada na ocasião, e que consta no boletim de ocorrência, Ivan Jerônimo estava tomando um café com outros dois policiais e teria saído para ir ao banheiro. Ele teria cometido suicídio com um tiro à queima-roupa, na altura do peito. O vídeo de monitoramento do local foi analisado e, segundo a polícia, mostravam a hipótese dele ter mesmo cometido suicídio.
O laudo entregue pela perícia na semana passada aos investigadores do 34º DP, onde a morte do policial foi registrada, indica que o tiro foi dado de uma distância maior do que a sugerida na época, o que afastaria a possibilidade de suicídio. Existem outros dois laudos que ainda não ficaram prontos e que podem ajudar a elucidar o crime.
Um dia depois de o caso ter sido registrado como suicídio, a perícia apontou que dentro do banheiro foram dados dois disparos. Um dos tiros acertou o peito do policial e outro, o rodapé do banheiro. Na época, a polícia não soube precisar se o primeiro tiro teria sido dado no chão ou se Ivan teria dado o tiro no peito e depois a arma caiu, disparando sozinha. A corregedoria da Polícia Civil também investigava o caso.
Na ocasião, a reportagem do Portal O Taboanense entrevistou o irmão de Ivan Jerônimo, o também policial Dr. Francisco. Segundo ele, a informação que foram dois disparos localizados pela perícia é verídica. Amigos próximos a Ivan disseram a nossa reportagem que o policial não teria deixado nenhum bilhete e que nunca deu sinais que poderia se suicidar.
Ivan Jerônimo foi o principal nome da operação Cleptocracia, que prendeu 26 pessoas acusadas de terem algum tipo de participação no esquema que fraudou milhões de reais dos cofres municipais, com baixas indevidas na Dívida Ativa. A gestão de Ivan Jerônimo na Seccional de Taboão da Serra também foi marcada pela prisão de policiais militares.
O corpo de Ivan Jerônimo foi cremado em Itapecerica da Serra com autorização da justiça.