EM ALTA
Home

Entrevistão: Stan dará prioridade para a mobilidade urbana

12 min de leitura
Foto do autor

Redação

15/09/2016 00:00
• Siga o Portal O Taboanense no Instagram, no Youtube e no X e fique por dentro de tudo que acontece na nossa cidade

Matheus Herbert e Nely Rossany, da Gazeta de S. Paulo

Na edição desta sexta-feira, o candidato à prefeitura de Taboão da Serra, Stan Szermeta (PSOL), é o quinto entrevistado na série especial sobre as eleições municipais da GAZETA. O candidato de 71 anos, tem um plano de governo focado na mobilidade urbana e no meio-ambiente.

Gazeta de S. Paulo – Na sua opinião quais são os principais problemas a serem enfrentados pelo próximo prefeito da cidade?
Um dos gargalos a ser enfrentado é a mobilidade urbana, o congestionamento dificulta a saída de manhã para o trabalho e o cumprimento das tarefas urgentes, precisamos de um planejamento para as linhas de ônibus, os itinerários são traçados sem consultas populares. E sem pesquisa de destino dos passageiros. O bilhete único metropolitano é um desafio que deve ser vencido para sua implantação. Outro problema a ser enfrentado é o sistema de esgoto com a devida urgência para que a Sabesp cumpra sua obrigação pois o sistema é cobrado em duplicidade água/esgoto mas o esgoto não é tratado, grande parte do esgoto corre a céu aberto. É a necessidade de integração dos sistemas públicos, pois o cidadão não tem só um problema específico.  É necessário escutar os bairros, conversar e estudar os problemas que sofrem, e daí implementar junto a população as melhorias necessárias.

Stan tem um plano de governo focado na mobilidade urbana e no meio-ambiente | Eduardo Toledo

GSP – Quais são os principais pontos do seu plano de governo?
Auditoria geral da Prefeitura. É necessário se passar a limpo toda a municipalidade, saber quantos livres-nomeados estão no sistema, qual é a falta de funcionários públicos concursados, como vem sendo gerido o dinheiro público, qual o endividamento do município. Se houver irregularidades, entregar ao Ministério Público ou ao órgão competente. Mas o principal objetivo é ter noção como se encontra a prefeitura. Pois, se não arrumar a máquina pública, tirar seus vícios e erros, não é possível resolver os problemas do município. Tem que acabar com o inchaço da máquina com livre-nomeados, que todos sabemos que são cabos eleitorais, ou seja, é barganha política. Convocar concurso público para preencher as demandas de profissionais que o município precisa, conversar com o funcionalismo público, a questão das revisões e aumentos salariais e um novo plano de carreira. Que garanta tanto ao funcionário quanto ao munícipe qualidade de vida.

GSP – Uma das principais demandas das cidades da região metropolitana de São Paulo, é por vagas em creche. Como diminuir a fila de espera por uma vaga?
É preciso construir mais creches, ver os locais onde há maior crescimento populacional, os convênios têm que ser uma forma emergencial, não podemos esquecer a valorização dos profissionais ADE, ADI, professores.

GSP – Outro desafio é investir na atenção básica da saúde, para não superlotar os prontos-socorros. O que fazer para agilizar o atendimento nas UBS’s?
Para melhorar a saúde é preciso inverter a lógica, não é esperar a doença aparecer, é prevenir ela. E isso se realiza com um corpo de profissionais da saúde em cada bairro, visitando a população, e fazendo o acompanhamento nas casas. Implantar definitivamente a equipe saúde da família. Além de ser mais humano, garante que os profissionais da saúde tenham uma maior noção do paciente do ambiente que propicia a doença. Com isso, muito dos casos que eram encaminhados às UBS diminuem, pois tais atendimentos domiciliares conseguem muita das vezes já contemplar o paciente. Assim dando às UBS o foco no atendimento de problemas de maior urgência. As UBS’s estão lotadas por falta de prevenção, precisamos conhecer melhor a vida das pessoas, melhorar o diálogo com a comunidade. Taboão precisa e merece um hospital municipal de qualidade e um centro de diagnósticos. Vamos lutar para isto.

GSP – O atual prefeito prometeu realizar uma nova licitação do transporte municipal que incluiria melhorias como integração, novas linhas e renovação da frota. No seu plano de governo, essa mudança está inclusa?
Sim, nosso plano de governo coloca a auditória do contrato com a Pirajussara/Fervima, e o fim do monopólio dos transportes. Pois há mais de 20 anos, Taboão da Serra ficou na mão da Pirajussara, onde as necessidades e a participação popular não fazem parte, muito pelo contrário. Só vemos o aumento da passagem de ônibus – que colocamos como proposta baixar essa tarifa absurda -, o sucateamento e superlotação dos ônibus e aumento de tempo entre os ônibus. Vamos lutar para implementação do bilhete único.

GSP –  O trânsito de Taboão da Serra está cada vez mais caótico, tanto pelo aumento no número de moradores nos últimos anos, tanto quanto pela localização da cidade que é cortada pela rodovia Régis Bittencourt. Muito se debate sobre a municipalização da rodovia, essa decisão seria uma das soluções para ter mais fluidez no tráfego?
Defendemos a municipalização da Rodovia Régis Bittencourt para poder público ter maior intervenção, acabar com a divisão de Taboão, em duas cidades. Criar corredores de ônibus e integrar as regiões para aumentar a oferta de transporte público, a exemplo da expansão do metrô, no mínimo, até Embu. Somente assim você faz com que a população deixe o carro na garagem, desafogando o trânsito. Precisamos discutir um plano diretor para impedir um adensamento de espigões.

GSP – Ainda falando em mobilidade, o atual prefeito acabou com as ciclovias do município, alegando não ter o número de ciclistas que justificasse a mesma. Na sua opinião as ciclovias deveriam voltar a serem implantadas?
A ciclovia tem de ser implantada e incentivada. Pois só haverá uma crescente de ciclistas quando você cria espaço e meios nos quais ele possa pedalar de forma segura, com praticidade e rapidez. Por isso não adianta sair pintando rua e colocar que é ciclovia. É necessário se fazer um estudo de construção das ciclovias, para que estas se somem a cidade. A ciclovia é uma tendência permanente. Taboão não pode ficar na contramão da mudança. A ciclovia é uma alternativa de transporte, lazer e saúde para a população.

GSP – Um dos problemas que mais assolam a população são as enchentes, que voltaram a acontecer com mais frequência este ano. Você acredita que com a conclusão da canalização do córrego Poá, o problema estará resolvido?
As obras ajudam, mas não resolvem totalmente, porque temos que ter políticas metropolitanas de escoamento das águas até o seu desaguadouro. Taboão foi crescendo, as várzeas e córregos da cidade foram ocupados. Todo solo está sendo impermeabilizado com a cimentação e asfaltamento, sufocando as áreas verdes e as matas nativas do município. As águas da chuva não têm mais como chegarem ao solo, e com isso se acumulam, sobrecarregando os córregos. É necessário uma política que haja para permeabilizar o solo, garantindo que as águas da chuva sigam seu curso natural ou que sejam aproveitadas com água de reuso, assim, juntamente com a proteção e aumento das áreas verdes, e a devida manutenção das galerias de esgoto e córregos é que se combate as enchentes. Uma de nossas propostas é a implementação do IPTU Ecológico, que reduz parte do IPTU para quem tem áreas verdes no terreno. Outro modo é o incentivo e educação da população para a coleta e uso das águas da chuva para limpeza da casa, carro, entre outros, assim economizando água. O combate às enchentes se faz com políticas integradas, piscinões e canalização de córregos. É um conjunto de ações que agem na causa e no efeito.

GSP – Nos últimos meses vimos crescer o número de ocupações irregulares na cidade. No seu plano de governo, quais as principais ações para construir novas moradias populares?
É necessário se fazer um levantamento do uso do solo na cidade, há muitas áreas vazias que devem milhões em IPTU que poderiam estar sendo usadas para atender, não somente a demanda por moradia popular, como de equipamentos públicos, tais como postos, parques, escolas e creches. A exemplo do terreno do Laguna, pertencente aos Basiles, ou o terreno de frente a agência do INSS. É necessário combater essa concentração de solo que só tem interesse a especulação imobiliária, e não a cidade. Se estes grandes terrenos, quase latifúndios urbanos, não pagam IPTU, a prefeitura tem que desapropriar no interesse da moradia popular. E na implantação do equipamentos públicos para dar mais acessoà moradia, educação, saúde e lazer.

GSP – O número de roubos cresceu até 42% no primeiro semestre deste ano em Taboão da Serra, se comparado com o mesmo período do ano passado. A atual administração investiu em bases móveis da Guarda Civil Municipal. Mas, não expandiu a central de monitoramento, que poderia ser uma arma de prevenção contra o crime. O que pretende fazer na área de segurança pública?
Segurança Pública vai muito além de polícia e vigilância, a segurança pública tem de ser pensada com ações sociais e inteligência preventiva, e sobre tudo, diálogo e participação contínua da comunidade. A GCM não pode ser entendida como uma Polícia Municipal ou um braço auxiliar da PM ou da Polícia Civil. Policiamento é dever do Estado, não do Município. Pois, se a cidade pegar essa demanda, ela fica sobrecarregada. O que cabe ao município é se unir aos outros da região, e cobrar da PM, Polícia Civil, da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo maior ação de inteligência para combater a criminalidade. E aos municípios cabe uma ação social, de combate à exclusão, tirando as populações carentes e vulneráveis da mão do crime, através de políticas públicas de formação profissional, educacional, de lazer, cultura e esporte. Criminalidade se combate com políticas de direitos humanos, ações preventivas de combate à desigualdade social e a vulnerabilidade da população carente que está sempre marginalizada. 

GSP –  Qual a sua mensagem para o povo taboanense?
O povo taboanense pode esperar mudanças profundas na administração PSOL/PSTU, transparência e   democracia, fim do nepotismo e do fisiologismo, inversão  de prioridades, com   atendimento preferencial das periferias,  e constantes  desafios,  como a construção do Hospital Municipal,  diálogo  com a sociedade civil organizada, fim das terceirizações, revisão da planta genérica de valores (IPTU). Pensar uma Taboão da Serra não somente para morar, mas para se viver, com praças e centros de cultura, esporte e lazer. Uma Taboão planejada para o povo, e não para o lucro de alguns empresários. O PSOL/ PSTU, a candidatura, Stan 50, e de nossos vereadores, vem justamente para provar que Taboão tem alternativa, tem solução, que não são mais do mesmo. A cidade dos nossos sonhos, por isso. Os sonhos não envelhecem.

Notícias relacionadas