Deputado Geraldo Cruz cobra mais ação do Estado nos municípios
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Por Nely Rossany, da Gazeta SP
O Deputado Estadual Geraldo Cruz (PT), eleito em 2010, está no seu primeiro ano de mandato e já tem muitos desafios pela frente. A região sudoeste da Grande São Paulo, liderada pelas cidades de Embu das Artes, Itapecerica da serra e Taboão da Serra é uma das regiões que mais tem crescido no Estado, mas que ainda sofre com problemas graves nas áreas de Saúde, Habitação e Transporte. Na entrevista, Geraldo esclarece o que um Deputado pode fazer para beneficiar os moradores da região e critica a falta de investimentos do Governo do Estado nas cidades. Leia a seguir.
Gazeta SP – Como é o trabalho do Deputado Estadual, como ele pode ajudar a região a que o elegeu?
Geraldo Cruz – A essência do trabalho do Deputado é basicamente legislar, fazer Leis. Já as emendas, é instrumento que o parlamentar tem para interferir no orçamento e destinar verba em determinadas áreas, como para a Saúde que é o foco da nossa bancada. É um assunto muito difícil, porque temos a sensação que a Assembleia Legislativa não existe, porque a população pergunta para gente como está Brasília, e acham que somos deputados federais. A população não tem essa relação muito próxima da assembléia. Por exemplo, em dezembro de 2010 foi aprovado, 25% dos leitos de Hospitais Públicos para convênios particulares. Isso é uma coisa que a população não vai sentir de imediato, mas é uma pancada. Quando você vai procurar uma vaga no hospital e não tem, você nem imagina que aquela vaga foi vendida para a iniciativa privada. E nosso trabalho foi entrar na justiça e conseguimos uma liminar para barrar isso. O que o Governo do Estado fez, mudou, ficou pior. Transformando o Hospital das Clínicas em Autarquia o que deu a possibilidade de diretamente o Hospital fazer o convênio com a iniciativa privada. E a população não sente isso de imediato, mas quando ela está na fila esperando uma vaga, nem imagina que isso tem ligação com uma lei aprovada pelos deputados.
Foto: Thiago Neme | Gazeta SP
O deputado estadual Geraldo Cruz durante entrevista
GSP – Muitas vezes os Deputados Estaduais ficam conhecidos só por coisas ruins, como o auxílio paletó e os gastos com combustíveis e outros. Você utiliza esses recursos?
GC- Eu não acho justo, aliás, para mim é imoral, por mais que tentem justificar é imoral. Eu me manifestei contrário a receber isso e agora teve uma ação da justiça que cancelou esse auxílio-paletó. Quanto aos gastos, não se pode dizer se o Deputado gasta muito ou pouco, acho que para um trabalho bem feito, para você ter um quadro de funcionários capaz de te dar um auxílio, buscar informação em questões técnicas e tudo, não é muita coisa. É muita coisa quando você olha o trabalho de alguns deputados que viram as costas e não fiscalizam o governo…aí eu acho que é desperdício. A história dos deputados que são do Governo, acabam fechando os olhos e cometem erros com a população. Essas coisas eu sou contra e a imprensa não divulga isso, divulga o auxílio paletó, que é imoral. Mas também tem que divulgar os absurdos que acontecem lá. Outro dia, um deputado apresentou um projeto que para o aluno ingressar na escola tinha que fazer exame médico. É legal fazer exame médico, é, mas o filho do pobre vai fazer aonde? No Posto que não tem médico para atender? E ele vai ficar fora da escola por conta disso? A Assembleia Legislativa aprova esse tipo de coisa, nós [bancada do PT] trabalhamos contra, pegamos parecer para esse tipo de coisa não ser aprovada.
GSP – Umas das emendas propostas pelo senhor foi da construção de uma maternidade para a região e não foi aprovada. Por quê?
GC- Esse ano não vai acontecer, mas nós vamos insistir. A minha discussão é que a gente deveria ter uma maternidade regional para atender os três municípios, porque uma maternidade municipal é muito cara para as cidades. Hoje temos uma no Embu, uma no Taboão e uma em Itapecerica. A de Embu, como as outras são pequenas e só atendem aos partos simples. E a alta complexidade, é de responsabilidade do [Hospital] Pirajuçara. Com isso, nós temos gastos extras. Então qual a minha discussão, que eu fui conversar até com o responsável pela administração do HGP, a ideia é juntar todos os esforços da região para ter uma maternidade que cuide desde o parto normal até o parto de maior complexidade e aí abririam no HGP mais de 120 leitos. As cidades ganhariam com isso porque diminuiria o custo de manter com recursos do município a maternidade. Em Embu, por exemplo, são quase R$ 1 milhão por mês.
GSP- A região não tem um Poupatempo, o senhor tem lutado por isso?
GC- A região não ter um Poupatempo é uma falta de atenção com a população. Eu costumo dizer que o governo do PSDB não gosta de gente, eles não gostam de facilitar as coisas para o povo. Quando eu era prefeito de Embu eu ofereci uma área para trazer o Poupatempo aqui pra região, Taboão também disponibilizou um terreno…O Poupatempo é um serviço muito bom, só que eles colocam só um em Santo Amaro e não dá conta. Eu continuo sonhando com o Poupatempo na região e é uma das coisas que estamos pedindo e insistindo com o Governo [do Estado] e não vamos desistir, tenho esperança que seja uma coisa para acontecer brevemente.
GSP – A falta de vagas no HGP é um assunto recorrente, essa situação está sendo resolvida?
GC- Essa questão só será resolvida com a ampliação ou com a construção de um novo Hospital. Eu falei outro dia com o Secretário [de Saúde] e ele disse que não há expectativa de aumentar esse ano. Estamos chamando a população para se organizar, só na briga vai sair porque o HGP foi assim, só com o movimento popular. Como te disse a questão da maternidade regional é um dos pontos que ajudaria nessa ampliação de vagas, nós além de apontar o problema estamos mostrando o que pode ser feito. Com isso, amenizaria a situação, porque hoje a necessidade é de mais de 500 leitos, ou seja, o dobro do que nós temos em Itapecerica e no Pirajuçara. O Estado ainda não se pronunciou a favor disso, a Organização Social que administra o HGP se mostrou a favor e nos ajudou a fazer o projeto. Mas nada ainda de efetivo, inclusive deputados que representam a região votaram contra meu projeto de ampliação do HGP.
GSP – Na sua opinião, o que precisa mudar ou melhorar na região?
GC- A Saúde como já disse é uma coisa do estado inteiro, mas na nossa região em particular tem esse déficit de leitos. A nossa região precisa ser olhada com mais carinho pelo governo do Estado que é uma região que cresceu muito. Também temos problemas na questão do transporte público, o Alckmin prometeu o Bilhete Único integrado, prometeu metrô até Taboão da Serra que eu estou achando que está muito devagar… Não acredito, mas sonho com isso, acredito que o metrô deveria seguir para o Campo Limpo para o Taboão… Nós pagamos o transporte mais caro do Brasil que é do ônibus intermunicipal, tem moradores em Embu e Taboão gastando mais de R$ 10 por dia em condução. Porque quando você não trata bem o cidadão, quando você não dá essa condição de movimentação urbana isso trava o crescimento da cidade. Temos problemas na questão de segurança. A Gazeta SP mesmo publicou os dados, 8 homicídios por mês é uma coisa preocupante..São coisas de responsabilidade do Estado que deveria ter uma ação mais efetiva junto aos municípios e que ao meu ver tem deixado muito a desejar.
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