CDHU do Jacarandá apresenta rachaduras de até 6 centímetros
Foto: Rose Santana
Moradora observa rachadura no seu apartamento. Segundo Defesa Civil, há risco de desabamento
“Ele nos falou que as paredes precisam de pequenas rachaduras para respirar, que estamos fazendo um drama. Disse que somos nós, e não as paredes que precisamos de tratamento”, disse Daniela, moradora do 4º andar, um dos apartamentos mais atingidos. Daniela segue apavorada, teme por ela e seus três filhos, disse que em dias de chuva, não dorme com medo que o prédio desabe.
“Não tenho para onde ir, minha mãe também mora aqui, pagamos nossas prestações e o IPTU, R$ 700,00, esse é o valor que veio para cada apartamento, e quando precisamos de ajuda, ninguém pode fazer nada, fica um verdadeiro jogo de empurra”, desabafa.
A Defesa Civil municipal disse que o prédio oferece perigo, que as famílias precisam abandonar o local, mas que não podem fazer nada, que eles devem procurar os responsáveis pela obra no CDHU.
“O engenheiro Ricardo disse que não pode fazer nada sem a planta, no CDHU eles disseram que a planta não existe mais, pois o prédio foi construído há mais de 10 anos, e agora a quem nos vamos recorrer?”, pergunta a moradora do térreo, Cleonice.
Ainda de acordo com os moradores, o engenheiro Felipe, também da Defesa Civil de Taboão, disse para eles que a situação está perigosa, mas que ele não podia fazer nada. Cleonice mora com dois filhos, ela nos informou que as crianças estão assustadas, e já traçou um plano de emergência com os filhos.
“Meus filhos vivem apavorados, aliás, estamos todos abalados psicologicamente. Já retirei parte da grade da janela do meu quarto e temos um código, quando a mamãe gritar, nem pensem, não perguntem nada, corram para o meu quarto e pulem a janela. Pagamos impostos, taxas, somos humanos e num momento desses ninguém toma nenhuma providência”, fala.
As rachaduras são tão grandes que é possível olhar através dos espaços de um lado par a outro. Os moradores disseram que o engenheiro Ferreti, disse que o caso é estético. “O Ferreti disse que se a gente passar um gesso nas rachaduras e pintar tudo esta resolvido, que o negócio é a estética, estamos vendo as rachaduras por isso ficamos assustados”, comenta Antonieta, moradora do térreo.
Na ouvidoria do CDHU disseram que se os moradores saírem de seus apartamentos e alguém invadir eles não vão se responsabilizar.
“Não durmo tranqüila, vivemos na expectativa de que a qualquer momento o prédio vai desabar. Eles, do CDHU, disseram que existem outros prédios em situação pior do que essa. Mas a impressão que temos é que a cada dia as paredes se abrem mais. É uma situação de pavor. Aí vem o ouvidor, sr. Gois e diz que não tem perigo. Como não?”, relata Daniela.
“Eles não estão nem aí, são 6 cm de dilatação entre uma parede e outra. Não engolimos isso de que não vai cair. Eles poderiam morar aqui?”, diz Everaldo, outro morador.
Além da impotência de não poder fazer nada, não ter para onde ir, os moradores ainda precisam ouvir as desculpas e ironias dos engenheiros, como “isso não vai cair”, “no rodapé coloque uma pedra de mármore que não racha”, pintem as paredes”, “as rachaduras são necessárias, as paredes precisam respirar”, “vocês é que precisam de ajuda e não as paredes”, “vocês não confiam em mim, estou dizendo que o prédio não corre risco de cair”, essas são frases ditas pelos engenheiros Ferreti e Gois do CDHU.
“Precisamos de ajuda, nossas rachaduras estão muito grandes, cada dia pior, quando chove ninguém merece, mais, por favor, nos ajude”, esse depoimento foi escrito por Yasmin, de 8 anos, filha de Daniela. Ao lado do apartamento existe a quadra da EMEF Ana Mafalda de Carvalho, os moradores também se preocupam com isso, crianças utilizam o espaço para brincarem.“Aqui deveria ser a casa dos sonhos, mas se transformou no nosso maior pesadelo”, lamentou Cleonice.
Outro lado
A reportagem do Portal O Taboanense tentou entrar em contato diversas vezes com a assessoria de imprensa da CDHU, mas não obteve retorno em nenhuma das tentativas.