Artigo: Quando o frio é a única companhia dos animais
Por Cynthia Gonçalves
O inverno chegou, roupas quentes nos protegem, em casa janelas e portas fechadas, um cobertor sempre a mão. Leite quente antes de dormir e se possível um aquecedor ligado. Pronto! A família está protegida do lado de dentro, mas não se importa em deixar do lado de fora o filho mais fiel e dependente de seu amor e cuidado.
As horas vão se passando e cada vez fica mais insuportável permanecer ali, o cachorrinho acorrentado e o gatinho em cima do telhado, sem abrigo, à deriva das piores condições climáticas. De repente o silêncio é quebrado pelos latidos ou miados que tentam dizer desesperadamente “ei família! Aqui fora está muito frio quero entrar, não preciso de muito espaço só um cantinho quente para não congelar”, mas nada acontece.
O pedido de socorro é ignorado, por vezes escapa um grito mandando o pobrezinho calar a boca. A noite vai chegando e o tremor do corpo já é incontrolável. Essa história de que pelo esquenta é balela, com temperaturas abaixo de 10 graus não há pelo que proteja.
O choro baixinho corta mais uma vez o silêncio e registra a tristeza dos animais que vivem do lado de fora, os esquecidos, os que são condenados a viver na maioria das vezes uma vida de omissão por parte de seus tutores. Alguns acorrentados, sem sequer um papelão para se deitar, outros também sem comida, o amor é luxo na vida desses pequenos que tiveram a infelicidade de cruzar o caminho de seres desumanos e cruéis. Apenas maus tutores? Não acho, isso pra mim é crueldade! Quiçá psicopatia.
O volume do choro aumenta, o miado fica mais frequente. É desesperador! Eles não tem pra onde ir, como fugir, nem se abrigar. Precisam ser fortes para tentar vencer o frio, a chuva, o gelo do inverno, a falta de compaixão dos homens.
É madrugada, o ouvido dói, o coração dói, o descaso dói. O abandono dos que tem família, a omissão e posse irresponsável. De repende as dores vão cessando de vagar, começam a não sentir mais suas patinhas, o corpo vai parando de tremer, o coração desacelera. A luta pela sobrevivência acabou.
O dia amanhece não há mais latido ou miado, acabou o choro, não há mais vida nem dor. O corpinho já gelado é colocado num saco de lixo, se possível para o lixeiro levar. Mas a história não acaba por aqui, ela se repete agora com outra vítima.
Essa história acontece todos os dias, são centenas de animais sofrendo os mais diversos tipos de maus tratos, por isso é tão importante denunciar. Não se omita, não se cale, seja você a voz que eles não conseguem ter.