Cantando a liberdade
A Música e a arte sempre foram grandes alavancas das lutas e revoluções que se estenderam pelo mundo ao longo do século, no Brasil, por exemplo, a MPB dos nos 60 e 70 foi muito combativa contra a ditadura, com vários músicos e compositores presos, e exilados. Um passado glorioso que não volta mais, sabe como é "…o mundo foi rodando nas patas do meu cavalo…" e muita gente se perdeu do caminho.
Hoje em dia somente o Rap tem sido o ritmo contestador contra as injustiças sociais, o racismo, a violência policial, e à pobreza. Mas é muito pouco para um país que produz artistas com a mesma velocidade que produz desigualdades. É muito pouco para pessoas que dizem serem sonhadoras.
Com raríssimas exceções, a arte produzida no país, principalmente na música, tem se tornado um grande reduto de bunda-moles, gente sem atitude, gente do "Tanto faz", que quando cantam parecem que estão vendendo alguma coisa para o povo, ou uma parte dele.
Isso sem falar do teatro, cinema e televisão. Parece que está todo mundo anestesiado pela pílula da felicidade. Porra, como é que alguém consegue fazer arte sem sangue pulsando nas veias? Será que se acabar os Editais também acaba a arte? Fazer arte batendo a carteira do governo é da hora, também quero, mas e aí, quando ele não vem, a "inspiração" também vai embora?
O Artista nasce da indignação, da raiva e do sofrimento, quer seja dele, ou não.
O cara que empunha uma guitarra, um cavaquinho ou um violão, ou que escreve um poema, atua, dança ou grafita um muro, é a última linha da sociedade, quando todo mundo já desistiu ou cansou, ele está ali, segurando o rojão. Isso edital não compra. Nem ensina.
Quando o artista se entrega é porque acabou tudo, não há mais o porquê lutar. E quando ele perde isso, não é mais o artista, é simplesmente alguém que vende alguma coisa com o carimbo escrito: arte.
A arte não embala os adormecidos, ela os acorda e os mantém vivos para as belezas e agruras do cotidiano.
Artista não é uma palavra, é um sentimento.