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Taboão da Serra, Embu, Juquitiba, Itapecerica da Serra, São Lourenço e Embu-Guaçu são cidades que receberam muitas famílias imigrantes do Chile. O terremoto que atingiu o país e deixou um rastro de destruição também abalou a comunidade que vive na região do Conisud.
Para a família Castilho, residente em Itapecerica da Serra, vinda do Chile nos anos 80 devido à ditadura do governo Pinochet, a espera por notícias de parentes é uma verdadeira angústia. A rede de comunicação de todo país ainda está com problemas e um simples telefonema é uma árdua tarefa.
Foto: Alexandre Oliveira

Família Castilho: preocupação com amigos e parentes que moram no Chile
Carlos Castilho diz não ter certeza se seus familiares estão bem no Chile e coloca que apesar de ser uma situação em que o país busca estar preparado para passar, ainda assim, ele não esperava tamanha tragédia. “A província de Bio-Bio foi uma catástrofe. Acabou com toda a infra-estrutura da cidade como gás, telefone, água e luz. Terão que reconstruir toda a cidade. Acabou tudo”, lamenta.
Carlos Castilho e Viviana Galvez Munhoz, sua esposa, tentam há todos os instantes conseguir através do telefone e da internet obter maior contato com parentes que residiam na região de Chillán, interior da província de Bio-Bio – a duas horas da cidade mais afetada, Concepción. Carlos afirma que somente no sábado, por acaso, conseguiu contato com um primo que lhe passou mais detalhes e deu dimensão do ocorrido.
Outro que sofre com os efeitos trágicos do terremoto é Guillermo Diaz, morador do Jd. América, em Taboão da Serra. Segundo ele, a casa onde sua mãe e irmãos moram, em Valparaíso, foi atingida e corre risco de desabar. “A gente não sabe como as coisas estão lá, não podemo s nem ir até lá para dar apoio, isso é o que mais nos incomoda”, diz.
Diaz ainda afirma que os estragos na sua cidade natal foram grandes. “Não sabemos o número de mortos e feridos, eu só consegui falar com meus parentes na terça-feira, foi uma angústia muito grande”, relembra. Diaz, que mora em Taboão da Serra há 25 anos, pede que todo o povo brasileiro reze pelos “irmãos chilenos” que estão passando por uma das maiores tragédias do país.
Muitos brasileiros estavam no país na hora do terremoto. Entre eles, pelo menos uma taboanense ainda está no Chile e não consegue voltar para sua casa. “Estamos em um hotel em Santiago, aqui não tivemos grandes estragos, mas já começa a faltar algumas coisas. Frutas, pães e frios já não estão sendo servidos no caf-e-da-manhã e poucos funcionários estão vindo trabalhar”, relata Cláudia Regina de Carvalho, moradora do Pq. Santos Dumont.
Segundo ela, o povo chileno já está reconstruíndo as cidades mais atingidas, desbloqueando pistas e avenidas e arrumando os estragos na rede de luz, água e gás encanado. “No hotel a luz só voltou nesta quarta-feira, mas em alguns lugares ainda está bem precário. Por um lado vemos o sofrimento deles, mas ele estão de cabeça erguida buscando voltar a uma vida normal”, conta cláudia por e-mail.
Uma vida melhor
Ao sair do Chile a família Castilhi buscou como destino a Europa, mas não teve êxito em constituir raízes por lá. Ao visitar o Brasil, Carlos relembra que se apaixonou pela feira de Embu das Artes, o que foi determinante para a sua decisão em permanecer no país. ”Nos apaixonamos pela cidade que é maravilhosa enquanto arte. Compramos esta casa perto de Embu e já estamos há 30 anos”, coloca.
Viviana comentou que apenas nesta terça-feira, 2, conseguiu falar com seu pai por telefone, na cidade de Santiago. Segundo ela seu pai estava fora de casa, o quinto andar de um prédio próximo ao centro. “Ele me disse que ao chegar ao prédio constatou que está tudo condenado. Apenas o deixaram retirar as roupas do imóvel e mandaram abandoná-lo, devido suas condições”, disse.
Castilho diz que se pudesse partiria imediatamente para o Chile em busca de ajudar a reconstrução da casa de sua família. “Eu fui criado no campo, em Chillán. A nossa casa de madeira caiu, mas ninguém se machucou graça a Deus. Ficamos sem casa, sem bodega (loja de variedades), sem nada praticamente, caiu tudo”, conta.
A família Castilho apesar de distante de sua terra natal ainda mantém tradições do país e um canto na sala. “Somos abençoados por termos duas pátrias, mas a cultura continua através da alimentação, da fala, dos costumes”, diz.
Com saudades eles relembram do Chile nas fotos de família. “Recentemente fui ao Chile e fiquei por oito meses lá. Mas não consigo mais me acostumar, estava lá pensando como estava por aqui, mas sempre tenho saudades”, comenta Carlos. Castilho e Viviana têm três filhos, dois são nascidos no Brasil.