Moradores do Jd. Vitória denunciam “tragédia anunciada”
A saga dos moradores das ruas Benjamim Varandas e Sebastião da Cruz Jarilo começou há cinco anos quando um barranco desmoronou e fechou a rua Benjamim Varandas, impedindo a passagem de carros, possibilitando apenas o trânsito de pedestres.
Na época os moradores foram até a Prefeitura e tiveram uma audiência com o Prefeito. Segundo os moradores, eles ouviram entre outras coisas “que o IPTU pago por eles não dava nem para pagar a taxa de lixo do município”, em outra situação foi dito a eles, que “o IPTU era para financiar apenas a educação e saúde de seus filhos”.
Foto: Rose Santana
No Jd. Vitória medo de deslizamto é grande: tragédia anunciada
Mas em setembro de 2009 a situação piorou, o barranco desceu mais e para complicar a situação, dois postes se inclinaram, trazendo mais risco para os moradores. A Eletropaulo foi chamada, mas disseram que não podiam fazer nada, não iriam colocar seus funcionários em risco, antes a Prefeitura precisaria resolver o problema do desmoronamento.
Em outubro, mais chuvas, mais deslizamentos, desta vez além da terra a calçada da rua Sebastião da Cruz Jarilo também desceu. Os postes tombaram ainda mais, deixando os fios elétricos no chão. O único espaço que ainda sobrava para passagem de pedestre ficou coberto de barro, pois a terra encostou no muro de uma das casa, parte da rua desapareceu, fora as ratazanas e sapos que apareceram.
A moradora Liliam Lemos entrou em contato com a Ouvidoria da Prefeitura, relatou o que estava acontecendo, solicitou que fossem cortar o mato, porque além dos bichos, o local também estava sendo utilizado como esconderijo de marginais.
Na Ouvidoria passaram o telefone para que a moradora pudesse entar em contato direto com a Defesa Civil. “Mas eu já havia entrado em contato com a Defesa Civil, na época procurei a Ouvidoria porque nada foi feito”, diz Liliam.
Na tentativa desesperada de que alguém solucionasse o caso, Liliam fez contato os com os engenheiros Luiz Taqueda e Terezinha Gonzaga, da Defesa Civil e Habitação. O resultado desses contatos foi a visita do engenheiro Edson Galina.
“Ele constatou, no dia 9 de outubro, que não havia risco iminente e que iria encaminhar o caso para a Semuser, mas no dia 22 do mesmo mês, devido às chuvas, o barranco desceu ainda mais, e a calçada da rua Sebastião Jarilo continuou cedendo causando mais problemas e risco a todos nós”, esclarece Liliam. Ela enviou um novo e-mail solicitando mais uma vez a visita de um técnico da prefeitura.
A visita aconteceu no dia 28, o engenheiro Luiz Takeda, verificou a extrema necessidade de se tomar medidas no sentido de se estabilizar as deformações e rupturas de solo e cessar os escorregamentos que estavam evoluindo de forma acelerada. Mais uma vez nada foi realizado. A moradora Thaise Lima de Oliveira, moradora do Jardim Vitória há 5 anos, está indignada, ela está reforçando a estrutura da sua casa com medo de uma tragédia.
“Na Prefeitura eles dizem que não podem fazer nada porque o bairro não está legalizado, mas isso é muito engraçada, há cinco anos eu pago IPTU de um bairro que não existe, como é que pode isso? Aqui ninguém paga menos que R$ 500,00 de imposto. Além do mais, eles construiram um Centro de Reabilitação Jardim Vitória, com recursos do Governo Federal em um bairro que não existe? Estou reforçando a estrutura da minha casa porque já está aparecendo a fundação, no meio do ano coloquei essa lona para tentar amenizar o problema. Vão esperar acontecer uma tragédia para arrumarem isso aqui”, diz indignada.
A Prefeitura diz que a responsabilidade é da ATCCOR, Associação dos Trabalhadores da Construção Civil de Osasco e Região, responsável pela venda dos loteamentos, e nada faz.
José Dantas dos Santos mora no bairro há seis anos e também não se conforma com o descaso da Prefeitura. “Pagamos um absurdo de imposto e não temos respaldo quando precisamos”, fala.
O caso foi parar na justiça, no dia 15 de dezembro, compareceram no Forum de Taboão da Serra, representantes da ATCCOR, da Prefeitura e da AMOJAV – Associação dos Moradores do jardim Vitória para tentar um acordo e resolver a questão do deslizamento de terra. Ficou estabelecido, diante da Promotora Fernanda Chuster Pereira, que a prefeitura iria realizar as obras, arcar com 100% das despesas, pois o caso era emergencial, e era necessário evitar risco de desabeamentos e deslizamentos iminetes. A dívida seria cobrada da empresa ATCCOR posteriormente.
No dia 6 de janeiro de 2010, a Ouvidoria, enviou um e-mail à moradora Liliam, dizendo que as obras seriam realizadas pela Prefeitura e que teriam inicio em janeiro, quem assinou o comunicado foi a assistente de Ouvitoria Cintia Aparecida.
Sete dias depois, 13, outro e-mail foi enviado e dizia que o projeto havia sido revisto e que iniaram o processo para a contratação da obra, que os moradores foram avisados do risco, que a responsabilidade é do Loteador, no caso a ATCCOR, como o caso já ocorre há muitos anos a contratação de uma obra emergencial não é indicada.
“Até o dia 6 de janeiro era amergencial, sete dias depois deixou de ser? Eles vão esperar acontecer uma desgraça como a de Angra dos Reis ou Itapecerica da Serra pra fazer alguma coisa? Quando chove ninguém dorme por aqui com medo de um desabamento, pelo amor de Deus será que eles não vem o risco que estamos correndo”, desabafa Liliam.
Os moradores terão uma audiência na próxima sexta-feira, dia 12, no Fórum, na esperança de que o caso seja resolvido.