Arcebispo Dom Paulo Evaristo Arns se comove ao falar da irmã
por Alexandre Oliveira e Rose Santana
A trágica morte da fundadora da Pastoral da Criança, médica pediatra e sanitarista Zilda Arns, vítima do terremoto que atingiu a capital do Haiti, Porto Príncipe, na última terça-feira, deixou uma nação inteira de luto. A doutora Zilda, 75 anos, havia realizado de uma palestra em uma igreja da capital Porto Príncipe, pouco antes do ocorrido.
O corpo da missionária chegou ao Brasil na manhã desta sexta-feira. No velório, que aconteceu por volta das 10h30, muita tristeza e comoção reuniram milhares de pessoas, familiares, amigos e autoridades, no Palácio das Araucárias, sede do governo em Curitiba.
O prefeito de Curitiba, Beto Richa, disse que espera em breve organizar uma homenagem da cidade à médica.
Durante a missa que celebrou na capela da Casa das Irmãs Franciscanas, em Taboão da Serra, D. Paulo Evaristo Arns falou sobre sua irmã. Emocionado disse que ela teve uma morte bonita e estava lá porque acreditava no que fazia. Dom Paulo disse estar sentindo muito tudo que aconteceu no Haiti. Pediu que todos rezassem pelas vítimas do terremoto.
O Arcebispo não compareceu ao velório por problemas de saúde, d. Pedro Luiz Stringhini, bispo de Franca-SP, foi representá-lo.
A missa de sétimo dia de Zilda Arns, será realizada na catedral da Sé, segunda-feira, dia 18, às 18h.
Entrevista
Cristiane Reimberg, coordenadora de comunicação da Pastoral da Criança em São Paulo nos falou sobre a dra. Zilda Arns. Em resposta nos disse o que ela representava para a Pastoral e com o que ela, a Sanitarista, sonhava.
O que a Zilda representava para vocês?
A Dra. Zilda era a grande líder da Pastoral da Criança. Uma mãe que motivava as ações e valorizava o trabalho de cada voluntário. Ela criou a Pastoral da Criança e toda a metodologia baseada na multiplicação do conhecimento nas comunidades. Assim permitiu que conhecimentos científicos chegassem ao povo em uma linguagem acessível. Aprendemos muito com ela e temos que certeza de que ela continuará olhando por nós e nos dando força para multiplicar o trabalho realizado pela Pastoral da Criança e pela Pastoral da Pessoa Idosa.
Como era a Zilda no dia-a-dia?
Tínhamos contato com a dra. Zilda quando ela vinha realizar alguma atividade em São Paulo. Costumava conversar com os voluntários, andar no meio das pessoas, ouvi-las. Quando se deparava com uma gestante, logo ia cumprimentá-la, perguntar da gestação, do pré-natal. Também gostava de contar histórias: o começo da Pastoral, as dificuldades, as ações em diferentes lugares do país e também no exterior. Era uma grande educadora.
Com o que ela sonhava?
Quando a Pastoral da Criança completou 25 anos, em 2008, fizemos um evento em Aparecida do Norte, com a presença de 15 mil voluntários. Naquela ocasião, dra. Zilda falou sobre o seu desejo de aumentar o número de voluntários da Pastoral da Criança. Ela também queria que o jovem se tornasse voluntário da Pastoral da Criança, pois seria uma conquista dupla. O jovem ampliando seu conhecimento e exercendo a cidadania, ao mesmo tempo em que ajudaria as famílias. Ela ainda disse que era necessário termos mais voluntários para podermos acompanhar todas as crianças pobres do Brasil. Acho que contribuir para o desenvolvimento integral de todas as crianças era o grande sonho dela.
O país – Haiti
O Haiti é o país mais pobre das Américas,. O país se recuperava da tragédia de 2008, quando tempestades e furações deixaram aproximadamente mil mortos, mais de 800 mil desabrigadas e um prejuízo de mais de US$ 1 bilhão.
Além dos fenômenos naturais que atingem o país, o povo haitiano também enfrenta instabilidade política, pobreza e altos índices de violência.
O país ocupa o 146º lugar entre os 177 países avaliados no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). 80% da população vive abaixo da linha da pobreza, com menos de US$ 2 ( R$ 4) por dia.
A tragédia
O Haiti foi atingido por um terremoto de 7.3 graus na escala Richter, o mais forte sismo dos últimos 200 anos.
A capital do Haiti, Porto Príncipe, era a região mais populosa do país. A tragédia deixa dezenas de milhares de feridos, muitos mortos e a cidade destruída.
Segundo a Cruz Vermelha do Haiti há a estimativa de que o número de mortos pelo terremoto seja de 45 mil a 50 mil. Três milhões de pessoas feridas ou desabrigadas. Mais de 1000 corpos estão amontoados dentro e fora do necrotério do hospital geral de Porto Príncipe.
Os dados são estimativas oficiais, embora ainda não seja possível afirmar nada com precisão neste momento.
Comunicação pela Web
As vítimas da catástrofe no Haiti estão se comunicando com parentes e amigos através da internet, especialmente o Twitter. Essa foi uma das maneiras que eles encontraram para mandar notícias. O fornecimento de energia e água ainda não está estabilizado.
Maiores terremotos na América Latina nos últimos 10 anos
Nicarágua: 6 e 7 de julho de 2000 – Dois terremotos 5,9 e 5,2 na escala Richter atingem a Nicarágua, sete mortes pelo menos 45 feridos. Cerca de 2.000 pessoas ficaram desabrigadas na costa Pacífica.
El salvador: 13 de janeiro e 13 de fevereiro de 2001 – Durante um mês a terra tremeu duas vezes em El Salvador. Os tremores atingiram 7,6 e 6,6 graus na escala Richter e deixaram 1.142 pessoas mortas, 2.000 desaparecidos e 1,3 milhões de náufragos. Esse mesmo terremoto atingiu a Guatemala, onde matou seis pessoas.
Peru: 23 de junho de 2001 – Um terremoto de magnitude 7,9 na escala Richter atingiu o sul do Peru e causou 115 mortes, 53 desaparecidos e 1.389 feridos. O departamento de Arequipa (a 1.035 km do sul de Lima) foi o mais afetado.
México: 21 de janeiro de 2003 – Tremor com 7,8 de magnitude na escala Richter sacudiu o litoral pacífico, no oeste do México, provocando 29 mortes e mais de 300 feridos.
República Dominicana: 21 e 22 de setembro de 2003 – Terremoto com 6,5 de magnitude na escala Richter mata duas pessoas e deixa cerca de 20 feridos na República Dominicana. Os tremores causam danos nas províncias de Puerto Plata, Valverde Mao e de San Francisco.
El Salvador: 5 de maio de 2005 – Cerca de 64 casas são destruídas e um policial morre em um terremoto com 4,9 graus na escala Richter em El Salvador.
Chile: 14 de junho de 2005 – No Chile, próximo da fronteira entre Peru e Bolívia, um movimento de 7,9 graus na na escala Richter provoca 11 mortes.
Peru: 26 de setembro de 2005 – Um terremoto com 7 graus na escala Richter atinge o noroeste do Peru, cinco pessoas morrem e outras 70 ficam feridas.
Chile: 21 de abril de 2007 – No sul do Chile, um tremor com 6,2 graus na escala Richter deixa quatro mortos e sete desaparecidos.
Peru: 15 de agosto de 2007 – Cerca de 595 pessoas morrem, 300 desaparecem e mais de 320 mil ficam feridos em um terremoto com 7,7 graus na escala Richter no Peru. Lima e o sul do país são as áreas mais afetadas.
Costa Rica: 8 de janeiro de 2009 – Terremoto com 6,2 graus na escala Richter mata 23 pessoas e oito desaparecem em uma zona turística do vulcão Poas (40 km de San José), na Costa Rica.
Haiti: 12 de janeiro de 2010 – Tremor com 7 graus de magnitude na escala Richter atinge a região de Porto Príncipe, no Haiti.