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Divergência entre dois grupos deu origem ao confronto
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cidade
O confronto que fechou comércios e deixou os moradores do Jd. Maria Rosa apavorados teve início em uma divergência sindical. Dois grupos contrários do Sindicato dos Oficiais Carpinteiros acabaram se enfrentando e a confusão fugiu do controle. A Polícia Militar precisou intervir e o clima no bairro foi de guerra.
Para entender o que aconteceu é preciso explicar antes que Taboão da Serra é um dos maiores produtores de móveis, principalmente de escritório. Empresas grandes como Escriba e Giroflex empregam milhares de funcionários que são vinculados ao sindicato dos oficiais carpinteiros. Hoje, quem representa a região, é o sindicato de São Paulo, que tem sub-sede na cidade e está presente em outros 13 municípios.
Foto: Eduardo Toledo
Manifestantes, seguranças e sindicalistas se aglomeraram em frente ao local de votação
Com mais de 5 mil filiados, o Sindicato mantém uma sub-sede na rua dos Carmelitas, em Taboão da Serra. A categoria possui cerca de dois mil trabalhadores que são vinculados a esse sindicato só na cidade. Segundo o diretor Flávio Augusto, a entidade existe há 20 anos e a primeira sub-sede aberta na Grande São Paulo foi em Taboão da Serra. “Temos tradição na região”, afirma.
A confusão começou quando um ex-diretor do sindicato de São Paulo, Edson Matias, decidiu montar um novo sindicato com sede em Taboão da Serra e que pretende representar a classe na cidade e em Embu, Juquitiba, São Lourenço da Serra, Embu-Guaçu e Itapecerica da Serra. “A categoria Já tem representatividade na cidade”, lembra Flávio Augusto, se posicionando contra uma nova entidade.
O outro lado
Segundo Edson Matias, o que está acontecendo não é a montagem de um novo sindicato, e sim a reativação de um que já existe. “Esse sindicato que estamos reativando existe desde 1997, já fizemos duas assembléias e agora vamos escolher a diretoria, por isso essa confusão aí fora”, disse o sindicalista que concorre a presidência em chapa única.
De acordo com Matias, a intenção dele é dar maior atenção para as seis cidades da região. “O sindicato de São Paulo não dá assistência para esses municípios, só quer a contribuição sindical”, afirma. Na primeira assembléia, foi eleita uma junta governativa e na segunda, foi realizada diversas alterações estatutárias.
O novo sindicato tem apenas 21 sócios, que apesar do confronto, conseguiram votar e eleger a diretoria encabeçada por Matias.
Interesses
Um dos principais motivos do confronto entre os dois grupos divergentes é que com a ativação do sindicato em Taboão da Serra, a contribuição de todos os trabalhadores da região deixam de ser feitas para o sindicato de São Paulo. “Esse repasse é feito automaticamente para São Paulo, agora com a reativação do sindicato em Taboão da Serra, vamos exigir judicialmente que essas contribuições venham para a região”, garante Matias.
De acordo com Antônio Lopes Carvalho, presidente do sindicato dos oficiais marceneiros de São Paulo, que estava no local, a entidade irá entrar na justiça contra a montagem de “um novo sindicato”. Segundo ele, “a categoria já tem representatividade na cidade e na região”.
Seguranças
Quem presenciou o confronto no Jd. Maria Rosa pode imaginar que os marceneiros gostam de “quebrar o pau”, como brincou antes da confusão um dos vizinhos que observava a movimentação. Porém, boa parte das pessoas que se aglomeravam na frente do local onde foi realizada a votação, eram seguranças contratados pelos dois grupos.
Cerca de 30 seguranças ficavam em frente a porta que dava acesso ao local de votação, impedindo que qualquer pessoa que não fosse convidade se aproximasse. Nossa reportagem só obteve autorização para entrar no local depois de apresentar identificação e mesmo assim entrou escoltada pelos homens que faziam a segurança do local.
Os dois grupos estavam preparados para o confronto. Paus, pedras e muitos rojões e bombas eram facilmente encontrados nas mãos das pessoas que estavam na rua. A Polícia Militar chegou a recolher boa parte do material, mas mesmo assim o conflito foi inevitável. Informações não oficiais dão conta que pelo menos seis pessoas ficaram feridas no confronto.