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MTST ocupa Extra para protestar contra alta dos alimentos

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Redação

20/11/2008 00:00
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Os integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MTST) da região realizaram um protesto inusitado nesta quarta-feira. Cerca de 250 pessoas ocuparam e literalmente foram às compras no hipermercado Extra, no largo de Taboão da Serra. Todos encheram os carrinhos com os produtos que mais desejam ter em suas casas. Eles estavam repletos de felicidade pegando o que desejavam nos corredores do hipermercado.
 
Mas, quando seguiam em direção aos caixas, exatamente quando tentavam efetuar o pagamento das compras com o “cheque da miséria”, no valor de R$ 160 bilhões, correspondente aos repasses que o governo fez às montadoras, o sonho de levar os produtos para casa acabou. Os manifestantes pretendiam protestar contra a alta dos alimentos e levar a sociedade a se mobilizar contra o aumento dos produtos alimentícios.


O integrante Jota, do MTST, mostra o "cheque miséria"

 
A polícia militar chegou ao local e para evitar conflito os manifestantes acabaram devolvendo tudo que estava nos carrinhos. Depois disso, eles permaneceram no local tentando negociar a doação de alimentos para o Assentamento Silvério de Jesus. O chamado cheque da miséria tinha versões assinadas pelo presidente Lula e pelo banqueiro Daniel Dantas.
 
“Eu fiz a compra dos meus sonhos. Peguei quatro danones, cinco biscoitos, açúcar, arroz, feijão, café, fraldas e um pacote fechado de creme Dove. Fiquei tão alegre na hora de pegar tudo, mas quando disseram que era pra devolver a felicidade acabou”, contou Francisca José dos Reis, 20 anos.
 
Ela disse que quando estava saindo do assentamento prometeu aos filhos que traria alguma coisa para eles. A vizinha dela, Luana Cristina de Oliveira revela que chegou a sentir raiva quando soube que não poderia levar às compras para casa. “Foi só um sonho”, repetia desiludida.
 
As duas estão desempregadas e sobrevivem fazendo bicos. Elas moram no assentamento com a família e enfrentam os transtornos de viver em um local sem a menor infra-estrutura. “Eu não vou desistir dessa luta. A gente só passa por isso porque precisa muito. Não é fácil ver um filho pedindo comida e você não ter nada para dar”, afirma Francisca emocionada.
 
O desempregado Sebastião Custódio, 55 anos, se orgulha de ter oito profissões e não esconde a situação de pobreza em que vive. Ele também mora no assentamento e durante as compras encheu o carrinho de arroz, feijão, óleo, café e açúcar. “Não pequei carne porque é luxo. Eu queria só o básico mesmo. Pensava que a gente ia poder levar para casa”, resumiu.
 
O coordenador do MTST na região, Jota Albuquerque explicou que o objetivo da manifestação era questionar a alta no preço dos alimentos e a postura do governo diante da crise econômica, evidenciada por meio dos repasses feitos às montadoras e aos bancos, por exemplo. “O governo não fez nada para conter os preços dos alimentos. Mas já garantiu subsídios para quem não precisa. Se os ricos têm subsídios do governo os pobres também devem ter”, pondera.
 
Ele explica que a mobilização contou com o apoio da Associação Periferia Ativa (APA). A ocupação aconteceu simultaneamente no Extra Taboão e no Carrefour da avenida Giovani Gronchi, ao lado do terminal João Dias.
 
As ações fazem parte da jornada nacional pela redução do custo dos alimentos que aconteceu em 7 estados brasileiros, e em diversas cidades. O objetivo é chamar a atenção dos governantes e da sociedade para o aumento da miséria e das dificuldades econômicas que os trabalhadores brasileiros começam a sofrer com a crise econômica.
“Os movimentos reivindicam, entre outras pautas, políticas estatais para o controle dos preços, restaurantes populares e subsídios para abaixar o custo de vida”, salienta Jota.

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