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Sapataria Raya faz 30 anos de tradição em Taboão da Serra
4 min de leitura
16/09/2008
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cidade
Há 30 anos o sapateiro Walter Arevaldo Raya, 60, vai ao trabalho com a mesma satisfação do primeiro dia. Ele acorda cedo e sai de casa para abrir a Sapataria Raya, de sua propriedade, situada na Avenida Dr. José Maciel, perto da Câmara Municipal. Em três décadas de ofício, seu Walter acompanhou mudanças na confecção dos calçados, viu os tênis dominarem o mercado e vivenciou a chegada do progresso na Avenida, que na abertura da sapataria era um local tranqüilo, com poucas residências e quase nenhum tráfego de veículos.
“Quando comecei aqui o freguês amarrava o cavalo no poste para entrar na sapataria. Naquele tempo, o que dominava era o conserto de botas”, relata com saudosismo, acrescentando que trabalha com amor e por isso cada dia de atividade é como se fosse o primeiro. “Às vezes não sei se me casei com a esposa, ou com a sapataria”, brinca.
Foto: Sandra Pereira | Portal O Taboanense
Seu Walter observa o trabalho de um dos seus quatro funcionários
O sapateiro não consegue esconder a satisfação que sente do ofício. Com propriedade ele relata que foi preciso se adaptar para manter a sua clientela ao longo dessas três décadas. “Os calçados mudaram muito. Os tênis chegaram e ficaram e nós tivemos que nos adaptar”, afirma.
Para seu Walter, a sapataria é como se fosse uma extensão de sua casa. Entre os quatro funcionários e os equipamentos antigos usados nos consertos, ele se sente tão bem quanto entre os seus familiares. Ele conta orgulhoso que confia plenamente nos 4 empregados. Um dos mais antigos, Dorval Augusto, trabalha no local desde 1975. Ele lembra do tempo em que a rua era de barro e os ônibus só subiam por ela a cada 2 horas.
“Agora se não chegar cedo não encontra lugar para estacionar. O progresso é bom, mas sinto saudade de um pouco de tranqüilidade”, argumenta.
Mais do que clientes, nos 30 anos de atividade na José Maciel o sapateiro conquistou amigos. Gente que ganhou a amizade e a confiança dele depois de anos consertando sapatos. Muitos desses antigos clientes ajudam a renovar a clientela apresentando o serviço da sapataria para as novas gerações da família. Além disso, o estabelecimento também é freqüentando por autoridades municipais como prefeitos, vereadores e secretários.
Seu Manoel Desidério de Oliveira, 84 anos, é cliente da sapataria de seu Walter a tanto tempo que nem consegue lembrar. Era do tempo em que os consertos eram anotados no caderno, para ser pago posteriormente. Ele também aderiu a moda do tênis, mas continua levando sapatos, até mesmo das filhas para serem recuperados. “Já andei muito, conheço vários lugares do Brasil, mas nunca deixei de vir aqui”, relata.
Foto: Sandra Pereira | Portal O Taboanense
A sapataria do Seu Walter se confunde com a história de Taboão
A forma de pagamento na sapataria de seu Walter também mudou ao longo dos anos. Ele deixou de anotar às despesas da clientela no caderno. Agora, trabalha com cheque, cartão, ou à vista, com pagamento de 50% de sinal no ato da entrega do calçado que vai ser consertado e o restante na retirada.
“Aprendi a gostar de tudo nesses anos. Conheço as alegrias e as tristezas da profissão. Mas, para mim a alegria é maior”, salienta.
Outra característica que o tempo trouxe também foi a implantação de novos serviços como costura de bolsas, serviços de afiação em geral, costura de chapéus, entre outros.
Por enquanto, seu Walter nem pensa em se aposentar. Ele quer continuar trabalhando e cuidando do patrimônio da sapataria, das máquinas antigas, algumas, como a lixadeira e o pé de ferro estão lá desde a abertura do negócio. Agora, o sapateiro planeja instalar um computador com programa adequado para controlar a entrada e a saída dos sapatos. “É muita coisa. Não dá pra confiar só na cabeça”, observa.