Câmara Municipal realiza 1º Fórum de Acessibilidade e Inclusão
Os números que refletem o número de portadores de necessidade especial em Taboão da Serra é apenas uma estimativa, mas o vereador Cido, presidente da Câmara Municipal calcula que hoje a cidade tem aproximadamente 30 mil moradores com algum tipo de deficiência, seja visual, auditiva, mental ou motora.
Para debater esse tema, o presidente da Câmara Municipal realizou o 1º Fórum de Acessibilidade, Inclusão e Cidadania na última sexta-feira, dia 25. A experiência foi tão positiva que dará início a outros fóruns, Cido disse que pretende realizar um novo encontro em meados de novembro deste ano.
A primeira palestrantes do dia foi a urbanista Adriana Romeiro de Almeida, que falou sobre a mobilidade urbana e os novos equipamentos que ajudam as pessoas portadoras de deficiência, como por exemplo faixas no nível das guias e alertas sonoros em locais de travessia. “A mobilidade é um componente essencial para a saúde da cidade”, disse.
A aluna Eduarda Maia, cadeirante, fez uma intervenção poética. Ela ficou em segundo lugar no prêmio promovido pela prefeitura no ano passado. Em seguida, o secretário de educação, João Medeiros, falou sobre Educação Inclusiva e sobre as ações que a prefeitura vem realizando nos últimos anos.
“Essa discussão não pode ser isolada, tem que ser inclusiva. Temos que mostrar quais são as propostas do Poder Público para esses moradores que possuem algum tipo de deficiência. Na educação temos uma ótima notícia, todas as crianças que necessitam de atendimento nas escolas estão matriculadas”, garantiu.
O terceiro palestrante do dia foi Said Jorge de Moraes, que falou sobre a acessibilidade, inclusão e cidadania ao longo da história de Taboão da Serra. Contou como ele ajudou a implantar as primeiras ações na área quando era secretário de educação na década de 80, quando foi fundada a escola Amor Perfeito, referência durante anos na inclusão de alunos da rede municipal.
O advogado Jorge Rafael, que tem paralisia cerebral, disse em sua palestra que as pessoas que possuem algum tipo de deficiência não são respeitadas como deveriam e que a capacidade de aprenderem e realizarem tarefas é questão de oportunidades.
No momento mais emocionante do Fórum, o artista e escritor Edgard Izarelli de Oliveira fez ao lado de sua esposa, a atriz Lua Rodrigues, uma apresentação que retratou, de forma poética, o cotidiano de um deficiente. Edgard também deu um relato inspirador sobre as dificuldades que os cadeirantes enfrentam no dia a dia.
“Nós temos um modo diferente de funcionar. Precisamos que o Poder Público nos fornece meios que nós possamos funcionar, meios para nos integrar com a sociedade. Integrar significa funcionar junto, funcionar em harmonia E é disso que a gente precisa. Integrar é tornar os espaços públicos abertos para todos, inclusive para os deficientes”,d isse.
Edgard relatou também uma situação vivida por ele, que mora em Embu das Artes, quando precisou pegar um ônibus. “Dois deficientes não podem ocupar o mesmo ônibus, pois só existe um lugar. Se uma já está lá, outra não pode entrar. Isso não é inclusão, é exclusão”.
Rinaldo Tacola, secretário de transporte e mobilidade urbana, falou sobre as ações da prefeitura e das dificuldades que o poder público encontra para atender com dignidade as pessoas portadores de deficiência. “Hoje cerca de 40% dos ônibus estão com os elevadores quebrados, isso é um problema grave, nós cobramos, notificamos, mas é difícil conseguir resolver”.
Vani, moradora deficiente visual, reclamou da dificuldade de andar pelas calçadas de Taboão da Serra. “A gente tem dificuldade de caminhar, na região dos bancos, a gente não consegue circular por causa dos camelos, a gente encontra dificuldade de se locomover pela cidade”, afirmou.