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Sobre briga política, Lelo ironiza: na guerra o único que ganha é o vendedor de armas

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Redação

25/08/2015 00:00
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A aula inaugural da Fecaf, a nova faculdade de Taboão da Serra, ganhou importância política após uma contundente declaração de Joel Garcia, o Lelo, um dos proprietários da instituição. De forma velada, ele afirmou que a briga entre Fernando Fernandes e Aprígio beneficia apenas outras pessoas: “Sempre digo, em uma guerra quem ganha é só o vendedor de armas”.

A analogia soou como uma tentativa de aproximação dos dois grupos políticos que travam uma batalha jurídica. O terreno onde foi instalado o prédio da faculdade, junto aos prédios da Cooperativa Vida Nova, é pivô de uma discussão que está na justiça. A prefeitura exige uma compensação, mas a Aprígio, presidente da Cooperativa, diz que tudo está dentro da lei.

O empresário Joel Garcia, proprietário da Fecaf, diz que Taboão da Serra perde com guerra política | Eduardo Toledo

Sem ressalvas, Lelo respondeu as perguntas dos jornalistas de forma clara e direta. “Essa rua era particular antigamente. Metade dessa rua era nossa [faculdade], metade era do Centro Empresarial.  Nosso terreno aqui era 3% da área como um todo. A prefeitura procurou a Cooperativa para fazer uma desapropiração e nos aceitamos”.

Segundo Lelo, “a prefeitura ganhou uma rua grande a custo zero. Só favoreceu a prefeitura. E essa história que a prefeitura [administração de Evilásio Farias] fez isso para favorecer a Cooperativa, ou foi feita para nos favorecer, é balela, todo mundo tinha acesso [A Régis Bittencourt], a gente não estava enclausurado”.

O proprietário da Fecaf chegou a afirmar que a doação do terreno para a abertura da rua, que em tese favoreceu a faculdade e os empreendimentos da Cooperativa, “foi mais um ato de cidadania do que qualquer outra coisa. A atual administração entrou com uma ação, tinha esse entendimento”.

De acordo com ele, “no primeiro pedido, a administração entrou com uma ação, porque teve o entendimento que favorecia a Cooperativa. Mas isso não é real. E o primeiro pedido da administração foi para que fosse revogado a lei que desapropriou a rua. Espero que a justiça não faça isso, porque se for revogar a lei, a rua volta a ser pública e a população vai ter que procurar um outro caminho. E hoje é uma via importante”.

Sobre a ação que a prefeitura entrou na justiça, pedindo ressarcimento financeiro, Lelo classificou os valores como “absurdo”. “Esses valores de R$ 200 milhões são absurdos. Porque R$ 199 [milhões] é dano moral. E eu nunca vi dar um dano moral acima de 20, 30 mil reais. Eu também não sei que dano moral a prefeitura sofreu. Eu acho que isso tem um cunho político, essa ação foi impetrada num momento de campanha. Campanha essa que já passou”.

Lelo disse acreditar que essa “guerra política” não irá ter continuidade. “O presidente da Cooperativa [Aprígio] e o prefeito Fernando Fernandes estão em outras fases, não estão mais em guerra, são pessoas civilizadas. Tinha uma dose política muito grande. Falam que o prefeito é dono da escola. E que sócio daria um tiro no próprio pé? Então ele move uma ação que a escola é réu… e ele é sócio?”.

Tido como negociador entre Fernandes e Aprígio, Lelo desconversou: “Minha obrigação como cidadão e como pessoa é sempre trazer a paz. Eu costumo dizer que na guerra só uma pessoa ganha, o vendedor de armas. Os outros todos perdem. Sou a favor de uma política que discuta ideias, não que seja nada pessoal. Para algumas pessoas, quanto mais lenha estiver na fogueira, é melhor”.

Na guerra que se desenhou nos últimos meses, alguns vereadores da Câmara Municipal chegaram a propor que fosse aberta uma CPI para investigar os negócios da Cooperativa. “A Câmara é madura, entende e vai se portar da melhor maneira”. Apesar do tom conciliador, Lelo mandou um recado ao parlamento municipal:
“Por favor, nos deixem em paz. Deixa a cidade ser feliz, né? Nós merecemos coisas melhores, a gente merece pessoas mais voltadas para os verdadeiros problemas da cidade. Os problemas pontuais, mais sérios, para serem debatidos. O palco de discussão política, que é a Câmara, tem que se preocupar com as questões mais sérias”.

Lelo continuou: “Em vez de ficar guerreando, tentando fechar empresas, tentando fechar projetos empreendedores que geram trabalho. Eu acho que a preocupação deveria ser outra, que façam leis que proporcionem novos postos de trabalho. É o que vamos enfrentar nos próximos três anos. Quem sabe, mudando zoneamento, incentivando novas indústrias virão para a cidade. Acho que isso deveria ser tema de discussão da Câmara”.

E finalizou: “Eu acho que a função da Câmara é dupla. Uma é ouvir os anseios da população e transformar aquilo em projetos que possam agregar valor. E a outra é de agir como agente fiscalizador do legislativo. Mas nós estamos aí para colaborar com a cidade”.

Sobre as eleições no próximo ano, Lelo disse desconhecer qualquer tentativa jurídica de impedir que Aprígio concorra ao pleito. “O Fernando é super transparente e já disse para muita gente que a candidatura do Seu Aprígio é legítima. E se o Aprígio quiser ser candidato, será um prazer concorrer com ele nas próximas eleições, o Fernando já disse isso varias vezes, disse em público. Isso é democracia”.

“A paz tem que ser bilateral”

Após a entrevista bombástica de Lelo, o prefeito Fernando Fernandes reagiu com naturalidade as declarações do aliado e buscou manter distanciamento da posição de uma possível abertura de CPI na Câmara Municipal para investigar os negócios da Cooperativa Vida Nova.

“A CPI é uma posição do Legislativo, não do Executivo. O motivo da CPI, que é a questão da área institucional, isso já está na justiça. Da minha parte, eu entendo que essa área institucional deveria ser dada para o município, mas isso não aconteceu e eu não prevariquei, entrei na justiça”.

Fernandes deixou nas entrelinhas que não busca uma guerra contra Aprígio. “É claro que a decisão de abrir uma CPI existe um clima político. Aqueles que querem se defender da CPI [Aprígio e a Cooperativa ]entraram com processos contra dois vereadores. Então se cria um clima favorável para que tudo isso acontece. Se a paz é desejada, tem que ser desejada biletaralmente”.

Sobre o processo movido pela prefeitura contra a Cooperativa, Fernandes foi claro: “No que se diz a mim, como pessoa, como prefeito, não é uma questão de paz, é uma questão de justiça. Eu acho que nós [município] temos que ter uma área institucional, por isso ingressei na justiça.  Mas é claro que existe na política gente que vive do conflito, gente que hoje está de um lado, amanhã de outro. Eu não faço política dessa maneira, mas tem gente que faz”.

 

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