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Autoridades de Itapecerica ganharam seis camarotes no rodeio

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Redação

26/07/2013 00:00
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Entre os benefícios que a Prefeitura de Itapecerica da Serra ganha com a Festa de Peão na cidade está a concessão de seis camarotes para as autoridades locais. A contrapartida está especificada na Cláusula 12, artigo ‘e’ do Termo de Permissão de Uso a Título Oneroso, um contrato entre a empresa responsável pelo evento, a Organização Estrela Som S/c Ltda e a prefeitura.

O acordo entre a prefeitura e a empresa mostra que cada camarote tem o valor de R$ 5 mil e capacidade para 10 pessoas. O documento, ao qual a Gazeta SP teve acesso traz a assinatura do prefeito da cidade Amarildo Gonçalves, o Chuvisco. Todos os anos, as autoridades ocupam os camarotes e tem entrada livre no evento.

Foto: Divulgação | Assessoria de Imprensa

Prefeito Chuvisco e convidados tiveram camarote exclusivo no rodeio, segundo contrato. Prefeitura não divulgou critério para o acesso dos beneficiados.

A 35ª Festa do Peão Boiadeiro de Itapecerica da Serra aconteceu entre os dias 5 e 14 de julho, aos finais de semana e pode ter reunido mais 30 mil pessoas por dia e gerado uma renda de no mínimo R$ 6,3 milhões. A reportagem da Gazeta já havia denunciado a irregularidade na cobrança do Imposto Sobre Serviço (ISS), onde o imposto que deveria ser calculado em 2% em cima da renda bruta do evento, foi calculado em cima dos gastos da empresa, o que gerou uma diferença de mais de R$ 120 mil que a cidade deixou de arrecadar com o evento.

A realização da festa é cercada de polêmicas. Nem a prefeitura e nem a organização do evento se pronunciaram sobre as denúncias feitas pela Gazeta e a população critica. “Acho que a Prefeitura arrecada mais do que imaginamos. Se pelo menos esse dinheiro fosse investido aqui, a nossa cidade poderia ser bem melhor, mas a corrupção é muito grande", diz José Elias morador da cidade há 30 anos.

Kiko que nasceu e mora na cidade há 66 anos lembrou que o Ginásio, local onde acontece o rodeio, está sem telhado. "Por que o prefeito não pegou o imposto arrecadado no rodeio e resolveu esse problema?". Ele também sugeriu que a prefeitura fosse a responsável pela festa do Peão. "Na minha opinião, quem deveria bancar o evento era a prefeitura".

Vereadores querem municipalizar o rodeio

Itapecerica tem uma população de 157 mil habitantes e diversos problemas como falta de saneamento básico, iluminação precária e o próprio Ginásio de Esportes que fica no mesmo terreno onde acontece a Festa está há três anos sem telhado, depois de uma ventania em dezembro de 2010. Na época, a prefeitura alegou que não tinha verba para consertar o telhado.

O rodeio é realizado em um terreno do município que é cedido para a realização da festa. O vereador Hércules da Farmácia, durante uma sessão da Câmara Municipal, em abril, chegou a questionar o modo como o rodeio é realiado e chegou a propor a municipalização da festa.

Na mesma sessão, o presidente da Câmara Municipal, Cícero Costa, criticou duramente a forma como a festa é realizada. “A festa não gera nenhum benefício para nossa cidade, vamos colocar esse cidadão (Branco) onde ele tem que estar, que é lá em Piracicaba”, disse o vereador ao Portal de Itapecerica.

Cícero Costa apresentou um requerimento em fevereiro pedindo informações de quanto foi repassado pela empresa responsável pelo rodeio para os cofres municipais pelas festas dos últimos dois anos. Em março, o vereador recebeu a resposta que era necessária mais tempo para que o levantamento das informações. “Acho que é tanto dinheiro que não conseguem contar”, ironizou o vereador.

Na época, o vereador Professor Ernandes fez duras críticas ao modo como a festa de peão está sendo realizada com o aval da prefeitura. “Pelo meu conhecimento, esse rodeio só está enriquecendo o Branco. Está na hora de darmos um basta nessa empresa. Temos que ficar atentos com essas pessoas que não moram aqui e vem para usurpar, pegar, levar o pouco que Itapecerica tem”, disse ao Portal de Itapecerica.

Outra reclamação dos vereadores e principalmente dos comerciantes da cidade é que a comercialização das barracas, dentro do evento, é feita com pessoas de outras cidades. “Não tem quase ninguém de Itapecerica, a maioria de Piracicaba e de outras cidades do interior, Ninguém tira nota [fiscal] e a gente, que é da cidade, não consegue entrar”, reclamou um comerciante que pediu anonimato.

Além de ceder o terreno, a prefeitura também coloca diversos funcionários públicos para trabalharem durante o rodeio, como GCMs, marronzinhos, funcionários da saúde (ambulâncias), o que gera um custo para o município, que precisa pagar horas extras para os servidores.

 

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