Fernando Fernandes diz que manifestações são legitimas em todo país
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A semana em Taboão da Serra foi cercada de protestos e manifestações. Na quarta-feira a cidade registrou duas grandes paralisações que pediam a melhoria no transporte público, entre outras reivindicações. Nesta sexta-feira, dia 21, uma outra manifestação acontece às 17h no Centro da cidade. Pela primeira vez o prefeito Fernando Fernandes falou sobre esse novo momento que o Brasil vive e falou sobre a questão do transporte no município.
A entrevista aconteceu no seu gabinete, antes do anúncio feito pela prefeitura de São Paulo e pelo Governo do Estado em reduzir as tarifas após os protestos. Fernandes disse que foi um dos primeiros prefeitos a baixar a passagem do transporte coletivo, em janeiro e que não irá aumentar a tarifa. “Quem diz isso é a oposição”, desmente o boato.
Foto: Eduardo Toledo | Arquivo do Portal O Taboanense
Fernando Fernandes desmentiu boatos e disse que tarifa não irá subir na cidade
O prefeito de Taboão da Serra disse que é favorável as manifestações, disse que repudia a violência e que não concorda com os atos de vandalismo. “Acho que essa movimentação da juventude reflete uma grande insatisfação, não é apenas o valor da tarifa. O poder público tem que estar preparado para dar uma resposta positiva para a população”.
A seguir, a entrevista na íntegra.
Prefeito, como o Sr. vê essas manifestações que estão acontecendo em todos país?
Nós concordamos com as manifestações. Tanto concordamos que fomos um dos primeiros governos a reconhecer isso e em janeiro, com menos de 20 dias de mandato, abaixamos a tarifa aqui em Taboão da Serra. Quando assumi a prefeitura, recebi com um aumento que foi dado pelo prefeito anterior, que passava a tarifa para R$ 3,30. Era o segundo aumento dado em menos de 12 meses. Os aumentos devem vir na proporção do que a população pode suportar. As empresas dizem que existe uma planilha, tudo bem, mas a população tem os salários reajustados na mesma medida? Você não pode sufocar o povo. Nós entendemos que Taboão, por ter uma extensão geográfica pequena, não justificava o aumento, por isso reduzimos a tarifa.
Houve alguma ação dos empresários contra a redução?
O que eu enfrentei foi a revolta dos empresários de ônibus que fazem o transporte coletivo de Taboão da Serra. A manutenção desse valor (R$3)faz com que eles se sintam prejudicados, mas eles que procurem a justiça. Eu não estava tão errado quando tomei a atitude de baixar a tarifa em janeiro, veja hoje as manifestações que estão acontecendo. Eu tinha um respaldo legal para tomar a decisão. O contrato diz que eles não podem aumentar a tarifa duas vezes em um ano, isso me deu amparo legal para reduzir a tarifa, mas eu tomaria essa decisão de qualquer jeito, de qualquer forma.
Apesar da diminuição da tarifa em janeiro, existem boatos que as empresas querem um aumento, como o Sr. lida com isso?
Eu tenho pedido de aumento da tarifa quase todos os dias, as empresas tentam justificar essa necessidade de reajuste. Mas no que depender de mim, a tarifa continua como está, estou convicto que fiz a coisa certa e agora respaldado com essas manifestações que pedem em outras cidades a redução da tarifa. Quem diz que a passagem vai voltar a aumentar em Taboão da Serra é a oposição, que, inclusive, dizia que eu não teria coragem de baixá-la em janeiro. Erraram duas vezes, eu abaixei e não concedi nenhum aumento, como eles diziam por aí. Não tem essa expectativa de dar aumento.
Os empresários já te procuraram para discutir isso?
A gente recebe toda hora recados dos empresários que querem uma audiência, dizem que tem 10 novos ônibus para colocar aqui na cidade, e eles tem mesmo que procurar melhorar o serviço, porque nós vamos cobrar. Os ônibus tem uma qualidade razoável, mas a questão da frequência com que eles passam nos pontos é um ponto que deve ser discutido e fiscalizado. Nunca recebi nenhum empresário desse setor na prefeitura.
E como melhorar o transporte em Taboão da Serra e na região?
Olha, uma das nossas lutas é a chegada do Metrô em Taboão, que já é certa. Mas eu e a deputada Analice queremos abreviar esse tempo, fazer com que o Metrô chegue mais rapidamente na nossa cidade. Estamos conversando com a secretaria de Transportes do Estado para tentar abreviar a duração das obras, sabemos que é difícil, mas estamos empenhados nessa luta.
A população também reclama da saúde, da educação…
Outro ponto das manifestações é em relação a qualidade dos serviços prestados pelo poder público, que são ruins mesmo. Nós aqui em Taboão temos dificuldades incríveis. Nossa luta para recuperar a saúde pública é imensa e gigantesca e não vai ser vencida em um prazo curto, temos dificuldades enormes com a contratação de médicos. São batalhas difíceis de serem concluídas, mas nós estamos começando um novo governo. Já estamos mudando o atendimento no PS da Antena e queremos levar essa proposta para outras unidades, abrimos concursos públicos para contratar novos médicos, aumentamos os salários dos profissionais da saúde, estamos fazendo de tudo para dar mais qualidade nesses serviços. Na educação, nessa semana vamos inaugurar uma nova creche, vamos construir mais quatro e queremos ajuda do governo do Estado para construir outras quatro. Em julho entregamos o uniforme o kit d e material escolar, estamos procurando fazer a nossa parte em pouco tempo de mandato.
E sobre a corrupção, que é outra reivindicação das manifestações?
Sem dúvida essas coisas revoltam, você vê o caso do Mensalão e ninguém foi preso, pode demorar ainda mais dois anos, isso revolta. Você vê, aqui em Taboão da Serra, em 2011, tivemos corrupção de funcionários públicos que terminou com a prisão de secretários, vereadores. Nós sabemos bem o que significa esse sentimento de impunidade com a corrupção.
Outro motivo de insatisfação é o dinheiro que foi gasto para construir estádios para a Copa, qual a sua opinião?
Concordo também que os gastos para a construção de novos estádios não justifica. Esse investimento não vai voltar para o Brasil na mesma proporção, E eu não vi ganhos sociais, em transporte coletivo, outras áreas, que justifique todo esse investimento. O Morumbi tinha capacidade de sediar a Copa, mas construir um novo estádio, com dinheiro público, não concordo.