Testemunha declara que foi coagida para assinar depoimento
• Siga o Portal O Taboanense no Twitter e no Facebook
————————————————————-
No último dia de depoimentos das testemunhas de acusação no julgamento da Fraude do IPTU em Taboão da Serra, três depoentes foram ouvidos. A oitiva do servidos público Rogério de Godoi, responsável por criar e desabilitar usuários para trabalharem com o sistema Conam causou certo alvoroço nos advogados.
Rogério de Godoi voltou a declarar que o sistema era frágil. “O sistema [Conam] era muito precário, uma bagunça. Não tinha controle”, disse. Ele também afirmou que os usuários Lets e Tera, utilizados na fraude do IPTU, foram desabilitados por ele, na frente de Tereza Letícia, dona dos dois usuários. Godoi informou não saber como os usuários voltaram à ativa.
Foto: Arquivo do Portal O Taboanense
Rogérgio Godoi durante depoimento na CEI que investigou a fraude da prefeitura na gestão Evilásio
Rogério Godoi falou que foi coagido a prestar depoimento na Delegacia Seccional e que o depoimento que assinou, sob ameaça, não condiz com o que ele disse.
“Uma viatura do Garra estava na minha porta, disseram para eu acompanhá-los, eu disse que não ia de viatura. O Ivan [investigador chefe de polícia na época] estava me aguardando. Ele disse que se eu não cooperasse poderia pedir minha prisão”, declarou.
O advogado dos réus Luiz Antônio e Tereza Letícia perguntou “você foi ameaçado?”, ele respondeu que “sim”. “Ele [Ivan] disse, a juíza assina qualquer coisa e você fica aqui mesmo”, completou Rogério Godoi.
Ele ainda declarou ter ficado na delegacia até de madrugada. “Fiquei [na delegacia] até às 2h30 da manhã. O Ivan pediu para eu não assinar [o depoimento] de madrugada e sim no outro dia de manhã”.
Os defensores também perguntaram a Rogério Godoi se ele sabia como uma cópia do depoimento dele na Comissão Especial de Inquérito (CEI) tinha parado nas mãos dos policias, cerca de uma hora após ele ter saído da Câmara, local onde ele foi ouvido. Ele disse que acreditava ter sido o Vereador Paulo Félix.
“Acredito que tenha sido o Vereador Paulo Félix, ele ficou aguardando uma cópia, disse que ia ler em casa”, respondeu.
O advogado da ré Alexssandra perguntou “O Vereador Paulo Félix ameaçou o senhor [Rogério Godoi]? Ele disse ‘se o senhor mentir aqui, o senhor vai ser preso’”. “Lá na frente não, mas atrás sim”, garantiu Godoi.
A outra testemunha foi o ex-secretário da Fazenda no ano de 2005, Edmilson Ricci. O advogado do réu Luiz Antônio de Lima pediu a impugnação da testemunha, uma vez que, ele acredita haver uma “animosidade” da testemunha contra o seu cliente. O Ministério Público não aceito, disse que essa era uma informação infundada, sem provas. O juiz ratificou a decisão do MP e a testemunha foi ouvida.
Edmilson Ricci declarou não ter nada contra Luiz Antônio. Durante seu depoimento ele também relatou que o sistema Conam era frágil. “Havia falhas no sistema, podendo abrir a possibilidade de mudanças nos relatórios”, relatou.
Ricci afirmou que fez uma denúncia no Gaeco em 2007 sobre o que ele acreditava ser uma possível fraude. Quando foi questionado o motivo real que o fez fazer a denuncia ele respondeu. “Foi a fragilidade do sistema e as pessoas corruptas que faziam parte da prefeitura”.
O ex-secretário ainda declarou que o ocorrido em 2011, a fraude do IPTU “era reflexo de toda uma situação criada em 2005”.
A servidora pública Rosana Maciel também foi arrolada como testemunha, ela atua no setor de contabilidade. Ele explicou como funcionam os balancetes e balanço da Prefeitura. Não satisfeito com as explicações, os advogados Sérgio Hoterge e Silene Barros, solicitaram que o responsável servidor Valter das Virgens, seja ouvido para melhor explicar como funciona o setor.
“A testemunha não teve condições de responder as perguntas. Eu, a doutora Silene Barros e o MP, concordamos em convocar o sr. Valter das Virgens para esclarecer como funciona a contabilidade e o sistema”, declarou Hoterge.
A próxima fase do julgamento será para ouvir as testemunhas de defesa, mais de 100 foram arroladas. O julgamento será retomado no dia 23 de abril deste ano.
O juiz Guilherme Lopes Alves Lamas, irá elaborar uma escala para determinar as testemunhas que serão ouvidas, porém ele já adiantou que será por ordem alfabética. A testemunha Valter das Virgens e Augusto Luis Gomes Pinto serão ouvidas antes das testemunhas de defesa.