Chico Brito fala sobre as mudanças de Embu das Artes
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Por Nely Rossany, da Gazeta SP
A Gazeta SP estreou na sua edição impressa a coluna “Entrevista”. Sempre aos finais de semana uma conversa com uma personalidade da região: Embu das Artes, Itapecerica da Serra e Taboão da Serra. Opinião, polêmicas e cenário político das cidades serão alguns dos temas abordados. Inaugurando a coluna, a Gazeta SP entrevista o prefeito de Embu das Artes, Chico Brito que falou sobre o desenvolvimento da cidade, economia, saúde, segurança e esclareceu temas como Plano Diretor e preservação ambiental. Confira.
Gazeta SP – Quais as principais mudanças em Embu das Artes nos últimos quatro anos?
Chico Brito – Primeiro que o processo de desenvolvimento da cidade, o modo de organizá-la, nós começamos em 2001 quando Geraldo Cruz era o prefeito e eu era secretário da área social depois chefe de gabinete. Esse modo é ter um diagnóstico correto dos problemas da cidade e a partir daí fazer um planejamento estratégico em todas as áreas. Já temos onze anos com esse modo de administrar e vem dando certo. Para se ter uma ideia de como a cidade mudou, antes tínhamos só oito unidades de saúde na cidade, hoje são 20. O número de creches dobrou e no ensino fundamental o aumento nas vagas foi de 30%.
Foto: Eduardo Toledo
O prefeito de Embu das Artes, Chico Brito, que irá concorrer a reeleição em outubro
GSP- E sobre a mudança na economia da cidade?
CB – Nós criamos uma Lei de Incentivo para vinda de empresas. A nossa cidade, por ter 60% de área de manancial, tem restrições quanto a abrigar indústrias e eu acho bom isso, porque nós podemos provocar desenvolvimento na área de comércio, serviços e indústria não poluente. Estamos vendo o crescimento da arrecadação do ICMS, hoje nossa principal fonte de recursos da cidade é o ICMS, produzido pelas empresas. Isso não só influi no desenvolvimento como também gera empregos. Muitas empresas de logísticas se estabeleceram na cidade nos últimos 4 anos, tem gente que acha que galpão não gera emprego, mas só para citar um exemplo em um só galpão temos 10 empresas que juntas tem 3 mil empregos.
GSP- A cidade de Embu saiu na frente com a Universidade Federal, as obras estão dentro do prazo previsto?
CB- Estamos tocando a obra, e temos que entregar até março do ano que vem. O calendário é vestibular em outubro desse ano para a primeira turma iniciar em 2014. Eu lembro que na minha campanha para Deputado Estadual em 2006, coloquei na plataforma de campanha batalhar para a vinda de uma Universidade para a região e quando assumi a prefeitura em 2009, vi a possibilidade de isso acontecer. O Governo do Estado tinha que entregar um parque, chamado Parque da Várzea em um terreno com mais de um milhão de m², mas entregaram só o ‘cercamento’ e sem infraestrutura nenhuma. Nós conseguimos que uma empresa da cidade bancasse um escritório especializado na elaboração de projetos e apresentamos em Brasília e a bancada paulista, ou seja, 74 deputados aprovaram a emenda de R$ 32 milhões para a construção desse parque com Centro Cultural, Restaurante, Academia Pública, área para shows, Centro Olímpico, um projeto bastante ousado. Depois quando soube que a presidência tinha a intenção de instalar dois campi da Universidade Federal na grande São Paulo, participei de uma reunião com o Ministro da Educação em 2009 e conseguimos a aprovação e em agosto do ano passado, ouve a oficialização da implantação do Campus. Me sinto realizado enquanto gestor público em poder deixar para a cidade de Embu esse legado, uma universidade pública.
GSP- E o parque também vai ficar pronto junto com a Universidade?
CB- A construção do parque envolve quatro etapas. A primeira parte do parte com restaurante, parte administrativa, pista de caminhada, recuperação de um lago, academia pública, o prédio da universidade, tudo isso em uma área de 100 mil m² fica pronto já no ano que vem.
GSP- Falando em grande obra, o Rodoanel inaugurado em 2010, gerou muitos impactos em Embu, quais foram os positivos e os negativos?
CB- Tem o bônus e o ônus. Primeiro tivemos o impacto no viário da cidade durante a construção. Nosso viário no entorno do rodoanel e nas vias de acesso foi destruído. Tivemos o aumento no tráfego de veículos pesados, então o viário feito para veículos leves, foi danificado por conta dos caminhões que tentavam desviar do entorno da obra do Rodoanel. E a conseqüência do funcionamento do Rodoanel foi aumento do trânsito na cidade. Hoje você vê muitos mais carros fugindo do pedágio ou pessoas da Zona Sul de São Paulo vindo para Embu para acessar o rodoanel, daí a importância das medidas compensatórias que conseguimos através de um convênio com a Dersa para reestruturar esse viário e construir alternativas, como a avenida Isaltino paralela a Elias Yasbeck. Conseguimos também através da compensação, recapeamento de avenidas como a Rotary e outras e as obras tem sido cumpridas. Na parte do bônus, nossa região agora tem acesso mais fácil à rodovias como a Raposo Tavares, e transformou Embu em uma área privilegiada para implantação de novos empreendimentos, pois a cidade tem fácil acesso ao interior e ao litoral.
Foto: Eduardo Toledo
Chico Brito falou das mudanças que a cidade vive nos últimos anos
GSP- A revisão do Plano Diretor causou polêmica. Algumas organizações acusam a prefeitura de querer o desenvolvimento sem a preocupação com a preservação ambiental. O que o Plano prevê de fato?
CB- A revisão do Plano Diretor (PD) é uma exigência do Estatuto da Cidade, no período de no máximo 10 anos. Nesse período, mudou muito a realidade da cidade. Para se ter uma ideia, no aspecto ambiental nós estamos aumentando de um Plano para o outro mais 4 milhões de m² de área verde, porque queremos desenvolvimento e também preservação ambiental. O nosso PD, ao contrário do que ouvimos falar por aí, vela pela sustentabilidade. O conceito de sustentabilidade tem um tripé que é preservação ambiental, combate à injustiça social e desenvolvimento econômico. Precisamos ter equilíbrio entre esses três aspectos, por isso nosso Plano prevê a vinda das empresas, um incentivo, mas garante preservação legal.
GSP- Agora a Justiça autorizou a continuação das reuniões do Plano Diretor, como o senhor recebeu essa decisão?
CB- Eu fiquei muito feliz com a decisão da juíza, porque ela corrigiu uma injustiça. Nós realizamos 39 audiências públicas, publicamos no site da prefeitura a integra o PD, temos fotos e vídeos das pessoas representantes de entidades que entraram com a liminar participando das audiências. A própria juíza no despacho diz que as entidades (que entraram com a liminar) puderam contribuir no Plano e tiveram suas sugestões acatadas. Seria uma grande decepção um governo que se propõe democrático e popular fazer todo um esforço desse e algumas pessoas visando interesses muito particulares impedir o desenvolvimento da cidade, que vai beneficiar a população como um todo.
GSP- Quais as áreas que considera que ainda tem que avançar?
CB- Nós temos muitos pontos que precisamos avançar como, por exemplo, melhorar a infraestrutura. É preciso criar rotas alternativas e novas avenidas. Na área de saúde, eu diria que nossa parte estamos fazendo, vou concluir meu mandato com obras já iniciadas garantindo unidade de saúde nas 20 regiões administrativas do município. Outro desafio é aumentar as vagas em creche, aprovamos recentemente no Governo Federal a construção de mais 5 creches. E também garantir para nossa população a geração de emprego para que a cidade deixe de ser cidade dormitório. Porque a pessoa que mora e trabalha na mesma cidade, gasta menos com transporte e tem mais qualidade de vida, menos gasto, menos estresses e vai consumir na própria cidade também. Além de construir mais áreas de lazer, esporte e cultura, enfim é um desafio fazer com que a população da cidade tenha mais qualidade de vida.