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Vereador diz que terreno é para a classe média

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Redação

21/10/2011 00:00
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Nely Rossany, da Gazeta SP

O projeto de Lei enviado pela Prefeitura de Taboão da Serra à Câmara Municipal na terça-feira, alterando a classificação de zoneamento de um terreno para a construção do Senac, aprovado pela maioria dos vereadores, continua criando polêmica, principalmente entre os movimentos populares. Porém, a principal discussão é em relação à emenda no projeto, proposta pelos vereadores Valdevan Noventa e pelo presidente da Casa, Macário, que retira o terreno de 80 mil m² do Jardim Helena, da Zona Especial de Interesse Social (ZEIS). De acordo com Macário, o local será destinado a construção de conjunto habitacional para população com renda de 3 a 6 salários mínimos.

Pelo Plano Diretor do município, de 2006, as ZEIS são destinadas às construções e regularização de moradias para a população de baixa renda, na faixa de 0 a 3 salários mínimos. O terreno localizado na rua Cesar Simões já foi ocupado várias vezes pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e uma das reivindicações era que o local abrigasse um conjunto habitacional do CDHU.

Foto: Thiago Neme | Gazeta SP

Terreno é da antiga cooperativa PauliCoop e poderá ser comprado por construtoras

Por telefone, o vereador Macário um dos autores da emenda, disse à Gazeta SP que a mudança da área vai beneficiar a população de Taboão da Serra, com renda de R$ 1.500 a R$ 3 mil, pois no terreno será construído um conjunto habitacional com apartamentos com o valor de até R$ 130 mil. “A cidade tem um déficit habitacional muito grande, que envolve todas as faixas de renda, por isso temos que atender à toda a população. Este terreno vai receber um empreendimento que inclusive os funcionários da Prefeitura vão poder comprar através de financiamento do Governo Federal”.

Ainda segundo o vereador, dentro do terreno será destinada uma área de 12 mil m² à construção de uma creche e uma escola. Macário, não deu detalhes sobre de quem é o projeto ou o nome da construtora que fará as obras. Sobre a reação dos movimentos populares de moradia que desaprovaram a emenda, Macário se defende. “Sou a favor dos movimentos populares, de organizações pró-moradia, mas como representante do povo tenho que pensar em ambas as partes. Não é transformando todas as áreas da cidade em Zeis que vamos atender toda a população”, diz.

MTST fará protesto

O MTST está planejando para a próxima terça-feira, uma grande manifestação na cidade contra a aprovação do projeto. De acordo com o líder do Movimento, Guilherme Boulos, a emenda beneficiou a Prefeitura. “Essa prefeitura levou e não foi pouco não. Levou muito dinheiro para liberar um empreendimento como este”, disse em entrevista ao Portal O Taboanense. Boulos também afirmou que o MTST não vai aceitar que o terreno seja usado para outro fim. “Não vai ser erguido um apartamento para a burguesia naquele lugar. Eles colocaram muro, mas a picareta foi inventada para isso, para derrubar muros”, ameaçou.

O terreno é particular e está murado, mas no local ainda não há placas ou identificação anunciando a construção do empreendimento. A Gazeta SP entrou em contato com a Assessoria de Imprensa da Prefeitura para averiguar se existe já o projeto para o terreno, mas de acordo com o setor de aprovação de projetos, ainda não há informações sobre o novo empreendimento.

Quatro vereadores contra

A maioria dos vereadores foi a favor do Projeto enviado pela Prefeitura que alterou o zoneamento em algumas áreas da cidade como do terreno no Jardim São Miguel, que mudou de zona residencial para zona mista. A mudança dessa área viabiliza que a unidade do Senac seja construída ali.

Mas não foram todos os vereadores que votaram a favor da emenda de Noventa e Macário em relação ao terreno no Jd. Helena. Paulo Félix, Wagner Eckstein, Ronaldo Onish e Cido foram contra. “Na minha opinião, os vereadores pegaram carona no projeto da Prefeitura para propor essa mudança. Eu sou contra a qualquer projeto que diminua um metro de Zeis na cidade”, ressaltou. Félix também chamou atenção à falta de infraestrutura do bairro. “Nas redondezas existem mais de três grandes empreendimentos e sem nenhuma nova escola e nem mudanças para abrigar tantos novos moradores”, disse

Terreno pode valer até R$ 24 milhões

A Gazeta SP consultou corretores imobiliários da região para uma avaliação informal do valor do terreno. De acordo com Alexandre Portella, da Waldemar Lima Imóveis, como ZEIS, o metro quadrado do terreno no Jd. Helena, ficaria em torno de R$ 150 a R$ 200, agora esse valor pode chegar a R$ 300/m². “O valor varia de acordo com a topografia do terreno e também com o gasto que a empresa terá para adequar a área”. Seguindo o cálculo do corretor, o terreno está avaliado em R$ 24 milhões.
 

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